Tendências em Famalicão

A Tips & Trends, empresa de consultoria na área do vestuário e da moda, organizou no passado dia 8 um seminário em Famalicão, subordinado ao tema “Tendências para 2005: oportunidades e desafios para o sector têxtil”. O objectivo primordial deste evento, declarou ao Jornal Têxtil Inês Castelo Branco, responsável da Tips & Trends, «é ajudar numa avaliação do universo têxtil, um dos mais importantes sectores económicos de Portugal, perspectivando a situação para o ano de 2005». Inês Castelo Branco fez questão de realçar o forte apoio prestado por parte da Câmara de Famalicão na organização deste evento. A manhã começou com a abertura oficial, a cargo do adjunto do presidente da Câmara de Famalicão, Leonel Rocha, foi seguida de uma apresentação multimédia de tendências para têxteis-lar e decoração para o ano de 2005, da responsabilidade do departamento de têxteis-lar e decoração da Cotton Incorporate. A Cotton Incorporated é uma instituição americana sem fins lucrativos, que se dedica à pesquisa de mercado e cuja actividade está centrada na promoção divulgação do algodão em termos de qualidade, desenvolvimento tecnológico, novas aplicações e tendências de moda a nível internacional, tanto para vestuário como para têxteis lar e decoração. Elabora estudos, publica relatórios e apresenta regularmente, nos principais centros têxteis mundiais, tendências, amostras de tecidos, cadernos e paletas de fios com as cores mais importantes para as estações futuras. A apresentação esteve a cargo de Dana Poor, directora de marketing do departamento de têxteis-lar e decoração e teve o apoio de Beatrice Le Péchoux, directora internacional. Outra das vertentes importantes do programa do seminário foi a apresentação de uma linha de crédito de curto prazo, Supplier Credit Garantee Program, criada pelo o governo norte-americano para incentivar as importações de produtos norte-americanos, nomeadamente o algodão e a apresentação da Cotton Council. Esta sociedade, que integra a Cotton Incorporate, licencia os produtos de empresas têxteis, permitindo assim a utilização da etiqueta “Cotton” nos artigos, uma medida que lhes facilita as exportações para os EUA. Já existem empresas nacionais licenciadas pela Cotton Council: Lameirinho e Mundotêxtil. Na parte de tarde, o programa começou com uma visita ao Museu da Industria Têxtil, onde de seguida Patrick Bègue, consultor francês especializado no sector têxtil e professor no Instituto Françês da Moda (IFM), apresentou uma análise sobre “Evolução e desafios para o sector têxtil em Portugal”. O orador convidado da Tips & Trends conhece profundamente a realidade do sector nacional, uma vez que trabalhou no nosso país durante nove anos, acompanhando a evolução do sector durante toda a década de 90. A sua apresentação pretende avaliar as consequências da abertura dos mercados e apontar algumas formas dos industriais do sector enfrentarem esta nova ordem do comércio mundial que se avizinha, baseada necessariamente numa competitividade extra-preço. A análise de Patrick Bégue, começou por fazer uma abordagem macro-económica dos câmbios têxteis e do vestuário, num novo contexto mundial, seguida de uma análise da dinâmica dos câmbios e da produção. Os efeitos da liberalização e a zona europeia Paneuromed antecederam a conclusão da apresentação, onde foram abordadas as aberturas e perspectivas. Patrick Bègue considera que prazos reduzidos, serviços eficientes, criatividade, qualidade e flexibilidade são as características que a indústria têxtil portuguesa tem de fomentar e recorda que a mão-de-obra portuguesa continua a ser a mais barata na União Europeia, factor de competitividade face a outros centros produtores. Não considera a liberalização do comércio uma ameaça, mas as indústrias têxteis portuguesas necessitam de encontrar outras soluções que lhes confiram mais-valias face a mercados concorrenciais De acordo com o consultor francês, o caminho para os têxteis portugueses terá de passar por uma firme aposta nos segmentos de mercado médio/alto, produtos com qualidade e originais. Como frisa, “a Europa dita as tendências, é a vantagem do bom gosto. As tendências de moda não vêm dos EUA, do Médio ou Extremo Oriente”. Patrick Bègue defende a concentração na Europa dos centros de criatividade de design e de promoção. As regiões periféricas devem centrar-se na produção. O consultor refere a título de exemplo o que se passa com os têxteis franceses e o Magreb ou com a Itália e a Bulgária. No final do seminário, Inês Castelo Branco mostrava-se agradavelmente surpreendida coma a adesão e participação verificadas e salienta que “o êxito funciona certamente como impulso para a organização de novos eventos”. Fazendo uma apresentação mais detalhada da empresa, a nossa interlocutora refere que a Tips & Trends estabeleceu uma serie de parcerias com reconhecidos gabinetes e especialistas de todo o mundo e que “estamos cada vez mais envolvidos na pesquisa e divulgação de tendências, de moda e consumo. Estudamos a criação e o posicionamento de marcas, a planificação de colecções e sugerimos recomendações estratégicas. Criamos conceitos inovadores para pontos de venda, stands, show rooms, brochuras. Pretendemos que o nosso gabinete se especialize em tendências para têxteis lar e decoração, vestuário feminino, masculino, júnior e infantil, de lazer e desportivo, tecelagem, malhas e acessórios”.