A sustentabilidade é, de resto, a força motriz da atividade de I&D do grupo ERT, que emprega mais de 850 pessoas, entre Portugal e as unidades produtivas além-fronteiras, e o CEO João Brandão tem metas ainda mais ambiciosas nessa área, comprovadas tanto pelas novas instalações concluídas em março último como pelo plano estratégico gizado até 2024.
O grupo ERT acaba de alargar as instalações. O que ditou esta expansão?
Trata-se de uma expansão da nossa área industrial e dos processos de suporte como engenharia, qualidade, recursos humanos e tecnologias de informação, cujo processo ficou concluído no passado mês de março.
O objetivo, a par do aumento da área Industrial, foi a concentração de todas os processos de suporte no mesmo espaço. Até agora tínhamos os diversos departamentos separados e espalhados pelas outras cinco unidades Industriais. Com este novo investimento conseguimos agregar todos no mesmo edifício, contribuindo assim para uma melhor eficácia e eficiência.
Houve alguma preocupação em erigir uma construção sustentável?
Todo o projeto teve como base a execução de um edifício o mais sustentável possível tanto a nível ambiental como social. A par da eficiência energética, que irá ficar concluída com a instalação de painéis solares, houve uma preocupação em criar as melhores condições de trabalho para todos os colaboradores.
Esta nova unidade, que tem uma superfície de 7.500 metros quadrados, implicou um investimento de 3,8 milhões de euros.
Foram efetuados outros investimentos recentes?
O investimento em equipamentos produtivos é constante, em média investimos, anualmente, cerca de 1,5 milhões de euros. Num sector tão exigente como o sector automóvel, temos que estar permanentemente a monitorizar o mercado no sentido de estarmos a par dos últimos desenvolvimentos tecnológicos.
À parte do investimento produtivo, investimos este ano também na melhoria das condições de trabalho, com a abertura de uma nova cantina, balneários e gabinete medico. Temos ainda previsto a disponibilização, a todos os colaboradores, de uma área de lazer, composta por um ginásio e uma sala de leitura.
Como está a evoluir o corrente ano?
O ano de 2022 tem sido particularmente difícil, como também foi 2021. A incerteza, a instabilidade nas cadeias de abastecimento, o aumento dos custos logísticos e o forte impacto do aumento dos custos energéticos tem feito de 2022 um ano em que temos que nos superar, seja na área de gestão, industrial e social. Contudo, as previsões que temos é que poderemos assistir a uma estabilização e recuperação a partir do segundo semestre do ano.
A nível de I&D, o nosso foco tem sido a sustentabilidade e investimos em Inovação, anualmente, cerca de 3% do nosso volume de negócios.
Temos trabalhado particularmente na valorização dos resíduos resultantes dos nossos processos produtivos e estamos na fase de patentear um novo produto produzido a partir do aproveitamento dos resíduos de couro. Em particular, este novo produto está a ser objeto de bastante interesse por parte dos construtores de automóvel que encontram assim, por um lado, uma forma de reutilizarem os resíduos gerados na produção, essencialmente de assentos e painéis de porta, e, por outro lado, permite oferecer novos modelos interiores mais sustentáveis, com a utilização de novos componentes com incorporação de couro produzido a partir de resíduos.
A indústria automóvel mantém-se como core business?
A indústria automóvel é, sem dúvida, o core business do grupo, representando atualmente 80% do nosso volume de negócios. Juntamente com o desenvolvimento de novos processos produtivos na área automóvel, estamos a desenvolver novos produtos direcionados para os sectores da moda, calçado e desporto também com foco na sustentabilidade.
As unidades produtivas na Roménia, República Checa e Marrocos continuam a ser fulcrais para a competitividade e capacidade produtiva do grupo ERT?
Sim, mantemos as unidades produtivas nesses três países, assim como em Espanha. Num mundo já assumidamente globalizado, o facto de estarmos industrialmente presentes em três continentes dá-nos uma competitividade logística que é, inegavelmente, um fator que tem permitido consolidar a nossa posição enquanto fornecedor estratégico dos maiores players mundiais do sector automóvel.
Quantos colaboradores têm hoje em Portugal? E no estrangeiro?
Qual é a taxa de exportação?
Exportamos diretamente 60% da produção, essencialmente para Espanha, França, Alemanha e Reino Unido.
Há algum mercado novo na linha de mira?
Iniciamos, em março, a atividade no México, que nos permite assim estar presentes em três continentes e dar continuidade à nossa estratégia de sermos um player global no sector automóvel. Com a criação da ERT Automotive Mexico, iremos ter acesso a um mercado tão importante como o americano, o que nos dá a possibilidade de concorrer a projetos que utilizam plataformas globais e que dão origem a modelos iguais produzidos em diferentes continentes.
Que metas futuras tem traçadas para o grupo ERT?
O nosso atual plano estratégico, que termina em 2024, centra-se essencialmente na expansão internacional e na verticalização da atividade industrial. Quanto à expansão internacional, ficamos só com a Asia em aberto, mas mantemos a meta de lá chegarmos até 2024. Relativamente à verticalização, temos dado passos no sentido de podermos oferecer, aos nossos clientes, a possibilidade de, com um só fornecedor, conseguirem obter determinados componentes que atualmente necessitam de uma quantidade superior de fornecedores para os produzirem. Desta forma, contribuímos também para a fabricação de produtos mais sustentáveis, pois conseguimos encurtar bastante a cadeia logística, o que contribuí para uma redução significativa das emissões de dióxido de carbono. O compromisso com os nossos clientes, e o que está definido na nossa política de sustentabilidade, é uma redução de 80% nas nossas emissões de dióxido de carbono ate 2031.