«Temos que pensar sempre no cliente do amanhã»

Empenhada há mais de cinco anos em comunicar e ser reconhecida como uma trendsetter na indústria das malhas, a Tintex preparou para a primavera-verão 2022 uma coleção voltada para o pós-pandemia, com um pé na funcionalidade e o outro no universo digital.

Ricardo, Mário Jorge e Pedro Silva

Embora o último ano tenha gorado as expectativas de crescimento, a empresa conseguiu, contudo, compensar parcialmente as quebras na moda e transformar os desafios em oportunidades, criando uma nova área de negócio dedicada aos têxteis médicos e fardamentos, que exigiu mais investimentos, incluindo novas instalações para reunir e expandir a tricotagem da Hata, que integra o grupo. Com cerca de 140 trabalhadores em Vila Nova de Cerveira e, em breve, aproximadamente 30 na unidade de tricotagem de Vila Chã, Mário Jorge Silva, Ricardo Silva e Pedro Silva, administradores da Tintex, antecipam o reforço da aposta em inovação e desenvolvimento do produto na indústria têxtil, mas também o alargar da atividade a outros sectores no futuro.

Qual é o conceito da coleção para a primavera-verão 2022?

Ricardo Silva – Vamos trazer uma vertente mais de sair da pandemia, do que foi o ano de 2020, e entrar numa era diferente, de mais força, mais energia. Queremos conectar isso também ao digital – a última coleção já foi mais digital e vamos dinamizar ainda mais. Mas o conceito é este, de estarmos bem com a nova era, fora do que é a pandemia. A pandemia está cá, mas vamos ter que a esquecer e ter algo que nos faça bem.

Em termos de matérias-primas e estruturas, o que está a ser trabalhado?

Ricardo Silva – O foco é o mesmo, ou seja, em matérias celulósicas confortáveis, portanto, o algodão, liocel e modal. Em termos de estruturas vamos fazer uma aposta estratégica e reforçar os interlocks de jogos finos. Vamos reforçar muito esta questão porque achamos que é o futuro da indústria das malhas.

E quanto a acabamentos?

Pedro Silva – Temos acabamentos funcionais que são cada vez mais importantes. Nesta nova coleção vamos ter neutralização de odores externos, como de tabaco, óleos de cozinha e outros. Qualquer cheiro pode ser potencialmente eliminado. Temos também neutralização de odores internos, como o suor, mas este já está mais estabelecido na indústria. E também temos a regulação da temperatura corporal.

Como é feito o desenvolvimento de cada coleção?

Ricardo Silva – Hoje temos uma equipa própria de design de produto, que é quem lidera esta área da nova coleção, temos a integração na área comercial, nós próprios, ou seja, há aqui uma estruturação muito forte para ir buscar aquilo que queremos a nível do negócio e da estratégia da empresa. E depois há as tendências, externas, alguns fóruns de tendências que nos vão dando indicações sobre quais serão as próximas cores, características e fibras que incorporamos na nossa própria estratégia ou não. Cerca de oito pessoas estão sempre envolvidas, depois é gerido pela equipa de gestão de produto, constituída por duas pessoas.

Pedro Silva – E aí tem havido uma evolução porque o design e desenvolvimento da coleção não deve ter apenas em mente a questão dos criadores propriamente ditos, mas também a adesão a uma realidade que tenha de facto uma correspondência em vendas posteriores. Para isso temos uma equipa que se reúne com o diretor comercial e a administração, para ter algum alinhamento com os interesses da empresa a nível de vendas.

Há, então, um cliente-alvo quando pensam na coleção?

Ricardo Silva – Sim, há sempre esse enquadramento, qual é o nosso cliente hoje em termos de mercados geográficos, de segmentos de produto, qual é aquele que queremos ter nos próximos dois ou três anos e qual é a estratégia do ponto de vista geográfico ou de segmento. Temos que pensar sempre no cliente do amanhã e não do ontem.

Mário Jorge Silva

Pedro Silva – E nessa questão, como temos muita inovação e muito conhecimento tecnológico, também temos o dever de fazer um pouco o apostolado de novas tendências, de novas estruturas e de novos acabamentos que possamos mostrar ao cliente, porque tem que partir da inovação. A inovação tem o dever de levar ao cliente o que existe para que ele, de facto, consiga identificar e encontrar algumas alternativas que queira incorporar no seu dia a dia, nas suas coleções e produções.

Ricardo Silva – Cada vez mais somos uma espécie de consultores em algumas marcas, o que é interessante, para também definir tendências para outros.

Como é que o Covid-19 afetou o negócio?

Ricardo Silva – Sentimos que, numa perspetiva macroeconómica, houve um desfasamento do que era a produção no Oriente para mais proximidade, mais regional. As marcas da Europa, que é ainda o nosso principal mercado, estão a produzir mais perto e sentimos um aumento da procura por parte de marcas até mais pequenas, porque a rapidez no online é muito grande e quem está a vingar neste momento é o online. Sentimos que clientes mais tradicionais, mais antigos, de maior volume até, têm atrasado os seus planeamentos. Numa escala global vemos produções mais curtas, mais frequentes, com mais repetições e de proximidade, porque há um risco tremendo no transporte e nos prazos não cumpridos, como aconteceu no ano passado, com muitas marcas a terem coleções inteiras em transporte e não vendidas.

Pedro Silva – Temos uma aposta que surgiu da pandemia, mas que vai passar para lá da pandemia, que são os fardamentos e os têxteis médicos. Vai ser uma atividade nova para a Tintex, com o processo de laminagem, que vai permitir-nos fazer materiais para fardamento, seja hospitalar, corporativo ou outro tipo de peças.

Mário Jorge Silva – São têxteis médicos reutilizáveis, usando os materiais mais sustentáveis possíveis e dando conforto e performance. Neste sentido, já temos em fase de certificação vários materiais, que é para muito rapidamente entrar nas cadeias de distribuição e ligar-nos-emos a algumas empresas de confeção especializadas neste domínio. Fazemos questão de criar sempre sinergias com várias empresas e, de facto, a questão do fardamento e equipamentos de proteção para fins médicos é um dos nossos objetivos. Penso que dentro de dois a três anos poderá corresponder a 20% do nosso volume de negócios.

Como vão apresentar a coleção?

Ricardo Silva – Temos novas ideias, mais interativas ainda. Sabemos que o digital não é a mesma coisa que o físico, as feiras são importantes pela presença física. Dado que isso não é possível, então temos que arranjar maneiras interessantes e inteligentes de o fazer, para criar engagement, interatividade com as pessoas.

O regresso às feiras físicas, assim que possível, é um objetivo?

Mário Jorge Silva – Vamos ser mais seletivos, mais focados, nos certames e nas viagens. Entretanto temos também temos um novo showroom na Ponte da Pedra, na Maia.

A Tintex continua a ter dois negócios: a venda de malha acabada e a prestação de serviços. Quanto representa cada um?

Mário Jorge Silva – A prestação de serviços é inferior a 10%. Mas neste momento temos novas valências além das linhas de revestimentos, a linha de hotmelt e laminagem, que trabalhará não só com as malhas da nossa coleção, mas também podemos abrir essas linhas para trabalhar em parceria com outras empresas e daí podermos, de facto, prestar serviços nessas linhas técnicas, porque temos tido cada vez mais relações comerciais B2B com várias empresas do ramo automóvel, corticeiro, de confeção, marroquinaria, calçado, etc., portanto pode, em alguns casos, justificar-se fazer trabalho de prestação.

Ricardo Silva – Mas sempre diferenciado. O tingimento e acabamento tradicional já não é o nosso mercado – ainda é, em parte, com clientes muito antigos e de fidelização, mas também porque são trabalhos mais especiais e mantiveram-se assim. Pode ser tingimento e acabamento mas sempre processos diferentes porque já estamos, diria eu, mais à frente. Mas queremos abordar esta questão das sinergias diferenciadoras.

Qual é a quota de exportação da empresa?

Mário Jorge Silva – Toda a malha que fazemos é para exportação. Penso que, em 2020, a exportação direta andará entre 20% e 30%, agora o que acontece é que, dependendo dos clientes, a exportação direta pode até diminuir e nós estarmos a trabalhar cada vez mais com as marcas. Nós trabalhamos com as marcas e se o cliente final da marca quiser que entreguemos em Portugal, entregamos em Portugal, que é o que está a acontecer cada vez mais. Se quiser que entreguemos no Vietname, na Turquia, na Polónia, na Letónia, nós entregamos. Agora, como a confeção portuguesa tem de facto muito boas referências, é provável que a nossa quota de exportação indireta continue a ser sempre muito alta. Estamos a trabalhar também cada vez mais com os EUA.

Ricardo Silva

Ricardo Silva – Com marcas de mais tempo de trabalho, tendencialmente a exportação diminui, porque invariavelmente ela acaba em Portugal. O que é que aconteceu no caso dos americanos? Tendencialmente trabalham muito na Ásia, com dois ou três casos começámos a trabalhar, começámos a exportar para o Vietname e parte desse negócio já está em Portugal. Portanto, com o passar do tempo, a confeção portuguesa ganha valor com isto, porque é muito mais fácil trabalhar cá.

Em termos de mercados geográficos das marcas com que trabalham, trata-se sobretudo da Europa?

Ricardo Silva – Sim, têm sido europeias. O mercado americano, que começámos a trabalhar há cerca de três anos, tem crescido em termos de volume de negócios com marcas, estamos a ter um bom relacionamento, a aumentar o volume com cada marca e também a fazer novas prospeções nos EUA. Dentro da Europa, os países mais fortes variam muito. Nota-se agora muito a Alemanha a subir pela nova vaga de marcas mais digitais, mas tendencialmente são os nórdicos, pela tendência de design, pelo tipo de material que usam… Mas lá está, isto está a alastrar muito, por isso é que está a mudar. Depois, outras geografias ainda estão muito embrionárias. Quando começámos com a Turquia, há dois anos, o nosso interesse principal era arranjar parceiros industriais na confeção e depois explorar o mercado. E estamos ainda nessa fase, ou seja, já estamos a trabalhar com as confeções e há mercado interno em termos de marcas que consomem confeções turcas, mas os materiais podem vir de outros sítios.

Há mais algum mercado em que estejam a investir?

Ricardo Silva – Sim, a Europa de Leste está a tornar-se mais forte. Para ampliar as cadeias de produção mundiais, porque é isso que interessa, chegar a mais consumidores no mundo com mais marcas, temos de trabalhar mais globalmente e esse foco de indústria, de confeções fortes, é importante para nós. Dada a pandemia, estamos a reforçar posições mais regionais nos países com agentes. É uma coisa que se fazia no passado e agora está a voltar.

Mário Jorge Silva – Depois temos casos engraçados como clientes da Nova Zelândia, da Austrália, pontuais mas que podem ter algum significado mais tarde, porque um dos grandes objetivos é que a empresa seja o menos afetada possível pelas sazonalidades, tendo vários segmentos, tais como vestuário corporativo, médico, têxteis técnicos, e também geografias diferentes.

No geral, como responderam às dificuldades impostas pela pandemia?

Pedro Silva – Basicamente, a 14 de abril as autoridades nacionais de saúde, com a ASAE, publicaram o documento dos materiais e das máscaras acabadas certificadas e logo dois dias depois tivemos uma referência aprovada, no dia 22 a segunda e a partir daí foi sempre a crescer – chegamos às 19 ou 20 referências de material certificado e já vamos com três ou quatro modelos de máscaras certificados, tanto de nível três como de nível dois, sempre focados em matérias-primas como algodão e liocel.

Mário Jorge Silva – O mês de maio foi excelente, foi dos melhores meses que a Tintex já teve, exclusivamente devido às máscaras e aos materiais que desenvolvemos, porque era uma peregrinação do país quase inteiro a vir à Tintex buscar as nossas malhas certificadas para confecionar também as suas máscaras. Depois, a partir de junho, houve um decréscimo e, claro, houve meses com reduções de vendas de 30% e 40%. Entretanto, depois de setembro começou a animar a procura, não de máscaras mas do nosso segmento habitual de moda, e principalmente a partir de outubro o boom foi notório e a recuperação excelente. Reconheço que queríamos crescer em relação a 2019 e não crescemos, ficamos 12% abaixo, o que foi bastante animador porque também foi um ano em que tivemos diminuição de custos porque não fizemos muitas feiras, não fizemos muitas ações que normalmente faríamos e que teriam também o correspondente impacto no volume de vendas. Esta redução de 12% foi positiva nesta pandemia. Fechámos o ano com cerca de 10,3 milhões de euros.

Pedro Silva – Também o facto de vendermos material para máscaras permitiu que muitas empresas que normalmente não eram do nosso sector nem comunicariam connosco passassem a conhecer a Tintex e isso desencadeou outros contactos para venda de malha, fora das máscaras. Elas viram o que produzimos, quiseram saber mais e a partir disso começaram a pedir novas amostras. Pode ser que, nos próximos meses, tenhamos resultados disso.

Mário Jorge Silva – E na questão de nas dificuldades surgirem oportunidades foi em abril, no mês que estivemos em lockdown, que tivemos o clique de fazer um investimento para os têxteis médicos e decidimos fazer um investimento rapidamente aqui na Tintex e também na nossa outra fábrica, a Hata, de tricotagem, porque este material de máscaras foi obtido a partir de artigos, nomeadamente interlock de jogos finos, que na altura tinham uma produção que não satisfazia. Já era nossa intenção fortalecer o grupo com mais interlocks de jogos finos por causa das vantagens que tem no uso final e, portanto, vimos aí uma oportunidade de entrar por outra via, quer para têxteis médicos, quer para têxteis para vestuário corporativo.

Qual foi a ordem do investimento?

Mário Jorge Silva – Na Tintex, 1,9 milhões de euros. Melhorámos os sistemas de coating, hotmelt, laminagem e acabamentos funcionais com um sistema Veco que permite dar, ao mesmo tempo, acabamentos diferenciados em ambas as faces. Tudo usando a nossa capacidade técnica e também a nossa capacidade de estrutura. Usamos estruturas celulósicas confortáveis na maior parte das vezes, com jogos finos como os interlocks, e aí nasceu a necessidade de aumentar a capacidade da Hata. Daí estarmos a construir uma nova unidade.

O que está previsto para essa nova unidade?

Mário Jorge Silva – Neste investimento em Vila Chã [Esposende] iremos concentrar toda a capacidade de tricotagem que já existia, mais a bateria de oito máquinas que já recebemos e é uma área que está destinada ao nosso crescimento futuro, como a outras valências têxteis interligadas. Está situada numa zona bem servida e pode haver alguns industriais que possam encontrar lá um bom local, porque estamos a construir um parque novo.

Qual é o valor desse investimento?

Mário Jorge Silva – Vamos investir 2,5 milhões de euros, parte com fundos comunitários, mas a maioria é financiamento próprio.

Está já fixada uma data?

Mário Jorge Silva – Prevemos que a nova unidade arranque no fim de fevereiro, parcialmente, mas depois vamos juntar tudo a partir de maio.

Houve algo que esta pandemia tenha alterado na estratégia previamente delineada para a empresa?

Mário Jorge Silva – A Tintex parece que faz sempre as coisas no momento certo ou antes das crises acontecerem. Já foi assim quando houve a crise em 2008, que arrastou muitas empresas para grandes dificuldades, e foi aí que a Tintex começou a aparecer mais solta. É claro que a globalização ajuda ao desenvolvimento, mas é preferível que as compras sejam feitas num âmbito mais regional, daí que o próprio mercado europeu e o americano queiram abastecer-se preferencialmente de um modo mais próximo – e aí tem a ver com a questão da pegada ecológica e também com a questão da sustentabilidade, que obriga a transparência, a rastreabilidade e a confiança no produtor e ciclo produtivo. Ora isso é uma das vantagens da Tintex desde sempre, mas sobretudo desde que, há quatro ou cinco anos, lançou o rebranding e esta nova maneira de comunicar, que não é normal nas empresas portuguesas. Portanto, essa questão da transparência, para nós, é uma mais-valia, que dá confiança à marca e ao cliente. Temos sentido um crescente número de contactos e de consultas porque o nome Tintex é uma empresa, mas também é uma marca que ecoa pelo mundo fora. O nosso nome tem reconhecido valor e vem de encontro àquilo que significamos, que é inovação e sustentabilidade, porque ser sustentável para nós tem que ser atrativo e ter performance. Nisto, a pandemia, para nós, vai ser positiva.

A pandemia acabou por validar a vossa estratégia?

Mário Jorge Silva – Sim, veio dizer-nos que de facto estamos no bom caminho. Atrasou um bocado o nosso processo de crescimento, porque iremos faturar em 2021 presumivelmente aquilo que pensávamos faturar em 2020. Pode parecer utopia dizer que estamos a pensar crescer cerca de 25% – a não ser que a pandemia se mantenha até ao fim do ano, então aí não há volta a dar.

A curto e médio prazo, que oportunidades e desafios anteveem na vossa atividade?

Ricardo Silva – Acho que há desafios nos modelos atuais da têxtil, a questão das decisões ainda estarem muito centradas nas marcas. Há desafios nesta questão da instabilidade do amanhã e do vamos produzir hoje para verão e para inverno. Os modelos tradicionais têm que mudar e, por isso, também surgem oportunidades na questão da agilidade. A agilidade é importante, estarmos próximos de quem decide significa ser alguém que influencia, e é uma oportunidade. A sustentabilidade é algo muito vago, acho que nos próximos anos isso vai mudar muito, mas ter a estratégia correta faz com que seja uma oportunidade clara. Agora, a oportunidade vai estar também na digitalização, não só das palavras mas em digitalizar aquilo que até agora era físico. Fala-se no 3D na questão dos protótipos, mas também se fala no 3D dos materiais, como trazer para o digital aquilo que até agora era palpável. Isso é um desafio com oportunidade, quem fizer isso rapidamente vai ter uma adesão muito grande. São estes dois caminhos: como trazer o físico para o digital e como garantir que isso é de confiança.

Pedro Silva – Na parte da confiança também há a parte do produto em si, acho que o que caracteriza a Tintex é a não estagnação. E é isso que queremos, que haja sempre um desenvolvimento, por muito pequeno ou recente que seja, estamos lá e queremos saber do que se trata. Isso também está vincado no carácter da Tintex, querer perceber ao máximo sobre aquilo que fazemos. É por isso que pegamos na matéria-prima, vamos aos processos, vamos ao produto final e como depois chegar ao cliente. A moda em si é cada vez mais uma extensão das pessoas e da identidade das pessoas, as pessoas querem saber cada vez mais e sendo técnico ou não, vai haver um escrutínio muito maior.

Numa altura em que começa a passagem de testemunho para a próxima geração, onde gostariam de ver a Tintex no futuro?

Mário Jorge Silva – Nós estamos a fazer a transição com tempo. É claro que nas nossas conversas há muitas vezes o olhar diferente dos novos para o mais velho e tentamos adaptar-nos. Agora, eles têm uma mentalidade e uma possibilidade de alargar isto para outros domínios que eu já não tenho, acho que conseguem fazer isso melhor que eu. Neste momento estou mais na retaguarda e a passar lentamente a empresa para as mãos deles. O que eu penso que eles quererão? Alargar o leque de empresas e segmentos. E curiosos como são e técnicos que são, vão querer fazer parcerias e incursões noutros segmentos e mesmo noutras geografias, mas isso serão eles a decidir.

Pedro Silva

Pedro Silva – Acho que o objetivo é tentar manter a Tintex e melhorar a imagem da Tintex como referência mundial, que já é, mas também nacional. Acho que a Tintex é mais referência lá fora do que cá dentro. Melhorar não só na área têxtil, mas também noutras áreas. Crescer e ser uma empresa secular.

Ricardo Silva – O caminho que fomos fazendo teve uma coisa sempre em comum, a questão de tentar estar sempre à frente e acho que isso se mantém. A questão da procura sempre pelo diferente vai acontecer e é isso que nos está a levar por outros caminhos. Exatamente esse desconforto com o banal, com a rotina que nos leva a procurar novas coisas, seja segmentos de mercados ou produtos ou simplesmente novas variantes.

Mário Jorge Silva – Acho que isso tem como base como a empresa nasceu. Nós eramos vários sócios, eu era o técnico e neste momento nós os três somos os únicos proprietários e isso foi feito sempre na base da paixão e do conhecimento. Eu não fundei a Tintex como sendo o patrão à moda antiga, o empresário que investe para ganhar dinheiro. Eu nasci como técnico e eles vão continuar o mesmo pensamento, tornando a empresa mais rentável e mais organizada.