A história da Teias de Lona só começou em 2012, mas o know-how que a empresa reúne remonta ao século passado, com a utilização de antigos teares de lançadeira recuperados na Gomes Pinto. «Adquirimos as máquinas e fomos buscar as pessoas da antiga fábrica – o afinador, o responsável da tecelagem, a menina que fazia as contexturas… Todos têm experiência nestes teares», explicou, num artigo publicado na edição de fevereiro do Jornal Têxtil, Isabel Ribeiro, confessando que «80% do que sei de tecelagem são eles que me ensinaram».
Foi com este know-how que a Teias de Lona se lançou no mercado, apostando numa atitude e produtos diferenciadores. «O conceito é a recuperação de uma tecnologia antiga de tecelagem para a moda atual. O regresso ao passado é uma tendência muito forte», destacou a sócia-gerente.
Dos 16 teares que a empresa possui saem lonas, entre as 240 gramas e 800 gramas, com selvedge, assim como tecidos oxford e sarjas, entre outras qualidades, que são usadas quer em vestuário, quer em acessórios – alguns dos quais têm a mão da Teias de Lona. «Achei que devíamos dar ideias ao cliente», justificou Isabel Ribeiro. «Começámos por fazer acessórios, dentro da linha de praia. Fomos buscar capas com os desenhos dos tecidos que eram feitos antigamente, como as riscas tradicionais em azul e branco, amarelo e branco, verde e branco… Mas vamos também acompanhando as tendências em termos de cores, riscas, xadrez», revelou.
Desde agosto de 2016, a empresa conta mesmo com uma designer, que desenvolve uma coleção própria de tecidos e faz o acompanhamento do desenvolvimento de coleções para os clientes, onde se contam nomes como a YMC, Topshop, Jean-Vier e Ganni. «O caminho é chegar a duas coleções por ano», adiantou a sócia-gerente.
Com uma quota de exportação a rondar os 80%, especialmente para países como Alemanha, França, Reino Unido, Suécia, Finlândia e Dinamarca, a internacionalização «em pleno» está na ordem do dia para a Teias de Lona, que quer somar novos mercados e clientes além-fronteiras. «Não se vai descurar o mercado interno, mas queremos aumentar a quota de exportação e também a nossa produção [atualmente na ordem dos 60 mil metros mensais]», afirmou. E depois do investimento de cerca de meio milhão de euros nos últimos quatro anos, Isabel Ribeiro não põe de lado a possibilidade da empresa somar novas valências, como torcedura ou estamparia, «para evoluir».
Dentro e fora de portas, a oferta da Teias de Lona tem recebido um feedback positivo e é, inclusivamente, apontada como uma fonte de inspiração para quem está a dar os primeiros passos na indústria, pelo que o otimismo reina na empresa. «2016 foi um bom ano mas 2017 vai ser melhor», afirmou a sócia-gerente, que dá conta de um crescimento superior a 40% no ano passado. «Em 2017 prevemos crescer e consolidar ainda mais – até 2020 esperamos que a Teias de Lona seja conhecida mundialmente», acrescentou Isabel Ribeiro. «Fazemos um produto diferenciador e, só por aí, temos espaço em qualquer mercado», concluiu.