Há um antes e um depois da pandemia para a Tamanho e Tantos. A produtora de vestuário trabalhou, durante quase cinco anos, apenas em regime de subcontratação para outras empresas portuguesas, praticamente sem contacto com as marcas e retalhistas a quem as peças eram entregues.
Isso mudou no ano passado. Depois de se ter dedicado à produção de máscaras sociais, tendo conseguido certificar produtos logo em abril, a Tamanho e Tantos avançou para um novo modelo de negócio em setembro. «Com as máscaras sociais trabalhámos para algumas marcas nacionais e internacionais e com a minha entrada, em setembro, iniciámos a exportação direta. No fundo, foi para explorar novas áreas», explica a diretora-geral Kate Stanton, que acumulou uma experiência de 30 anos a trabalhar na Li & Fung em Portugal.
A nova estratégia exigiu investimentos, incluindo em recursos humanos, nomeadamente em áreas como a comercial, compras e modelagem, que lhe permitem desenvolver todo o processo. «No último ano, o investimento passou um milhão de euros», revela Paulo Jesus, administrador e um dos fundadores da empresa. Valências que se somam à capacidade de, dentro de portas, fazer também sublimação, estamparia digital em peça e all-over, bordados, transferes serigráficos e corte laser. «Compramos as malhas e os tecidos, mas tudo o resto é feito dentro de portas e isso faz com que possamos ser muito rápidos na resposta», salienta Kate Stanton.
De bebé a adulto
A mais-valia da empresa, que emprega cerca de 100 pessoas, está igualmente na transversalidade de materiais e produtos que trabalha. «Fazemos um bocadinho de tudo e trabalhamos desde malhas mais casual a tecidos semiestruturados», refere a diretora-geral. As encomendas atuais estão essencialmente concentradas em vestuário de bebé e criança até aos 14 anos, incluindo swimwear, e, para adulto, «estamos a fazer desde sweats a t-shirts, calças e também camisaria e banho», indica Kate Stanton. O loungewear e o desporto são outras áreas em desenvolvimento. «O loungewear e o desporto foram áreas muito procuradas devido ao Covid-19. Arrancámos com uma marca suíça, a Luviyo, que está neste momento em produção, é o primeiro lançamento, e com bastante sucesso para nós, e também estamos a começar a abordar marcas que eu conhecia para tentar realmente explorar mais esta área do activewear», revela a diretora-geral.
Crescer com sustentabilidade
Depois de um ano de transformação que, graças às máscaras, permitiu à Tamanho e Tantos atingir um volume de negócios de 3,5 milhões de euros (quando no ano anterior tinha ficado acima de um milhão de euros), a empresa espera conseguir manter-se num nível muito semelhante em 2021.
O administrador assume, contudo, a ambição de crescer, mas com sustentabilidade. «Não queremos crescer desalmadamente, temos um objetivo e, a partir daí, não faz sentido estar a crescer mais», considera. A meta está traçada para «300 mil euros a 350 mil euros por mês, por isso entre os 4 e os 5 milhões de euros por ano», aponta o administrador da Tamanho e Tantos, mas o mais importante «é ter mais-valia para podermos investir e podermos dar outro tipo de produto ao nosso cliente», acrescenta Kate Stanton.