T-shirt da Vollebak absorve CO2 da atmosfera

A marca britânica de moda desenvolveu uma abordagem mais ecológica para o vestuário preto. No âmbito de uma parceria com a empresa americana de biomateriais Living Ink, a Vollebak criou um pigmento a partir de algas, com o qual estampou de preto uma t-shirt que está a comercializar por 110 dólares.

[©Vollebak-Sun Lee]

As algas são amigas do meio ambiente, uma vez que absorvem CO2 e libertam O2 através da fotossíntese, o que pode ajudar a indústria da moda a reduzir a sua pegada de carbono. «As algas são um material fascinante por muitos motivos, incluindo o armazenamento de carbono», afirma Steve Tidball, cofundador e CEO da Vollebak. «Teriam que ser usadas em grande escala para armazenar muito carbono, então, para este projeto, o que mais nos interessou foi provar o conceito», revela à Fast Company.

Esta não é a primeira vez que algas pretas são usadas como pigmento. São já aplicadas no fabrico de corantes alimentares naturais e tintas para impressão. Mas, até agora, nenhuma marca de moda o tinha utilizado para produzir uma peça de vestuário inteiramente preta.

Para fabricar a malha, a Vollebak usou matérias-primas provenientes do eucalipto, da faia e de abetos de florestas sustentáveis; depois, trabalhou com Living Ink na estampagem da t-shirt com pigmento de algas pretas, resistente à radiação ultravioleta, pelo que não desbota. Posteriormente, a t-shirt foi lavada com um amaciador à base de manga, para que seja confortável ao uso. Como é fabricada com materiais totalmente orgânicos, degradar-se-á em 12 semanas quando destinada a aterro.

As algas são abundantes e fáceis de cultivar. A Living Ink colabora com uma quinta de algas na Califórnia, que as cultiva como ração para animais. Quando removidas da água, deixam um resíduo preto, que é então seco e triturado para criar a base do corante de algas. «Acreditamos que este é o futuro do tingimento sustentável porque não precisa de nenhum produto químico ou processo complexo para cultivar algas», explica Steve Tidball. «As algas crescem exponencialmente em dias apenas com água, luz solar e CO2.

[©Vollebak-Sun Lee]
Como muitos outros artigos da sua oferta, incluindo o blusão de cobre para eliminar vírus e a sweater de casca de romã, a Vollebak produziu uma série limitada de alguns milhares de peças. Mas o CEO diz que a razão que levou ao lançamento da marca com o irmão gémeo Nick foi a apresentação de ideias radicais para a indústria da moda, que espera que sejam exploradas por outros. «Entendo que criar alguns milhares de peças de roupa não mudará o mundo», considera. «Mas a história que estamos a tentar contar pode. Talvez as marcas e os consumidores comecem a descobrir de onde realmente vem o seu corante preto», acredita.

A estratégia de negócio de Vollebak não é convencional: a maioria das marcas gasta muito dinheiro para proteger a sua propriedade intelectual e não quer que outros copiem as suas ideias. Steve Tidball, contudo, está mais interessado em deixar um legado a longo prazo. «Ficaria realmente aborrecido se descobríssemos uma inovação, a patenteássemos e construíssemos as nossas carreiras à volta dela», garante. «Consideramo-nos um pequeno laboratório de I&D para o mundo. Os nossos clientes não estão somente interessados ​​nos nossos produtos, estão interessados ​​em financiar o nosso trabalho; eles acreditam que estão a investir no futuro», conclui o CEO