A empresa portuguesa de lavandaria e tinturaria em peça assume a sustentabilidade como uma das suas prioridades e, por isso, tem continuamente investido nesse sentido. «Estamos comprometidos em desenvolver a nossa atividade cumprindo com os mais altos padrões éticos e princípios social e ambientalmente responsáveis, explícitos no nosso modelo de governance e na cultura que diariamente procuramos construir», afirma, ao Portugal Têxtil, Rui Pedro Freitas, coordenador de marketing e sustentabilidade da empresa.
Na prática, explica, «incentivamos as atitudes e comportamentos que reflitam a integridade empresarial, valorizando as pessoas, respeitando os direitos humanos e laborais, e preservando o meio ambiente».
A Fafedry, que conta com várias certificações – incluindo GOTS, Organic Content Standard e Global Recycled Standard, a que se somam as normas ISO 9001, ISO 14001, ISO 45001 e a NP 4469 – encerrou recentemente um ciclo de investimentos de cerca de 2 milhões de euros, aplicados, entre outras coisas, em equipamentos produtivos com elevada eficiência energética e menores relações de banho, num sistema de aproveitamento dos vapores condensados e num sistema de pré-aquecimento de água, «que faz com que a necessidade de aquecer a água na caldeira seja aproximadamente metade da que seria necessária», enumera Rui Pedro Freitas.
A decorrer está o projeto CARE4Ocean, que tem como objetivo quantificar as microfibras têxteis retidas em processos de lavagem industrial, de forma a que possam ser tomadas medidas para reduzir o seu impacto nos oceanos. «Já foram contactados alguns potenciais parceiros da Fafedry para a implementação deste projeto, entre os quais uma universidade, um centro tecnológico e o vencedor de um concurso internacional de inovação relacionado com o tema», revela o coordenador de marketing e sustentabilidade.
Atualmente a empresa já quantifica os resíduos têxteis provenientes dos processos de lavagem e secagem. «Só em 2022 separámos quatro toneladas de resíduos, que entregamos a uma empresa especializada na sua recolha e tratamento», indica Rui Pedro Freitas, para quem «no futuro seria muito interessante participar nos processos de reciclagem contribuindo para a redução da produção de novos materiais através da incorporação destes resíduos, eventualmente enquanto isolantes na melhoria da eficiência energética do nosso edifício».
Próximos investimentos
Para além da área ambiental, a sustentabilidade na Fafedry respira-se igualmente ao nível social, garante Rui Pedro Freitas. «São feitos todos os esforços para proporcionar, a todos os colaboradores, os mais elevados níveis de satisfação e realização profissional», sublinha, o que se traduz não só nos salários, mas também em benefícios como seguro de saúde e um dia de férias pagas no aniversário. «Promovemos o equilíbrio da vida pessoal com a vida profissional fazendo cumprir com o horário estabelecido e procuramos proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável, com medidas de prevenção e minimização de acidentes, riscos, doenças e lesões inerentes ao trabalho, investindo na medicina no trabalho, em EPI e em formação específica. Encorajamos, sempre, a vontade individual em ir mais além nos desafios pessoais e procuramos garantir a estabilidade necessária para que se concretize com tranquilidade», destaca o coordenador de marketing e sustentabilidade.
Com a exportação a fazer-se sobretudo de forma indireta – «apenas esporadicamente prestamos serviços diretamente à Inditex ou a outras empresas, principalmente espanholas», segundo refere –, a Fafedry tem os investimentos de curto prazo centrados na eficiência energética e na descarbonização. «Vamos iniciar uma nova auditoria energética, considerando a nova área produtiva da tinturaria, para produzir dados suficientes e relevantes para análise e identificação de oportunidades de otimização do sistema energético», justifica.
Quanto a 2023, «tem sido um ano pleno de desafios», reconhece Rui Pedro Freitas. A empresa integrou há 18 meses os serviços de tinturaria e tem procurado diferenciar-se precisamente pela sustentabilidade da sua oferta. «Isto significa custos mais elevados que se refletem, obviamente, nos preços de venda, afastando alguns clientes, mas atraindo aqueles que pretendem assegurar-se como elementos centrais nas cadeias de fornecimento que exigem mais valor acrescentado e não prescindem da qualidade e de começar cedo a trabalhar sobre o passaporte digital do produto», realça. «Por outro lado, tem-se tornado mais simples, com o histórico que vamos contruindo com cada cliente, demonstrar que existe um menor custo total e um conjunto muito mais vasto de benefícios, o que contribui para a fidelização dos nossos clientes e para um aumento gradual do nível de encomendas», acrescenta.
«Estes últimos meses têm sido muito férteis no desenvolvimento de novas soluções, que se traduzirão em produções na fase certa do ciclo produtivo. Esperamos que se seja já no terceiro quadrimestre de 2023, apesar da ITV continuar no vermelho», antecipa.