A nova aposta da designer passa por um espaço físico no centro de Guimarães, que irá ser também um foco de novidades, já que, como revela Susana Bettencourt ao Portugal Têxtil, «para essa loja nova vamos criar muitos produtos diferentes».
O ponto de venda será um complemento ao canal online – que está disponível tanto para o consumidor final como na versão B2B –, através do qual a marca tem vindo a crescer, nomeadamente nos mercados internacionais. Com a pandemia, «a nível de negócio tivemos que ter uma grande adaptabilidade», explica a designer, que acredita que as contrariedades resultantes do covid-19 «fizeram-nos crescer, talvez também porque já me apanhou numa maturidade e numa calma diferente – se calhar, se fosse há alguns anos não ia aguentar tão bem, mas agora já tenho as coisas organizadas», confessa. As restrições confirmaram ainda que o canal online «poderia ser uma grande aposta», pelo que «estamos a investir imenso no nosso website, no rebranding da marca», indica.
O mercado português, «que obviamente tem sido muito generoso connosco», como menciona, representa 25% das vendas da Susana Bettencourt. «Através do website estamos a ganhar a América, o Canadá e o Norte da Europa e isso tem sido mesmo muito positivo para nós», adianta a designer.
O canal online poderá mesmo substituir, no futuro, as presenças físicas da marca de moda de autor em certames internacionais. «Como estamos em showrooms digitais, estou a estudar se realmente existe a necessidade das viagens ou se continuo com o showroom e com os agentes digitais», esclarece Susana Bettencourt.
Coleções sem estações
Para já, contudo, a presença física tem vindo a acontecer, com a designer a ter recentemente participado na Tranoï, em Paris, e no Portugal Fashion, no Porto. No mercado francês, a nova coleção, batizada Identity of Colors, teve uma recetividade «muito boa. Foi a primeira semana de moda que fiz depois da pandemia, a nível de vendas, e tinha acabado de rebentar a guerra, portanto houve alguns cancelamentos. Sentimos que os compradores que nos visitaram estão muito cautelosos, mas o nível de recetividade e o feedback que deram da coleção foi muito positivo», assegura Susana Bettencourt.
Combinando peças tanto para verão como para inverno – um conceito que tem vindo a ser trabalhado nos últimos anos –, a nova coleção combina os jacquards com tricôs manuais, técnicas que são já uma imagem de marca da designer. Entre os destaques estão «o nosso jacquard dourado, que tem tido um feedback muito positivo e do qual já fizemos vendas, e as nossas peças manuais», afirma. As balaclavas que surgiram no desfile no Portugal Fashion, por seu lado, foram expressão de um lado mais conceptual. «Quisemos dar um efeito de casulo e tapar a cara no início para depois haver a explosão de cores», sublinha.
Esta nova forma de pensar as coleções sem estação tem, de resto, trazido uma maior liberdade criativa à designer. «Posso ter as coleções que efetivamente gosto de criar e perder a cabeça com elas. Fazemos as nossas coleções-espetáculo, mais conceptuais, e depois tenho as minhas coleções comerciais, onde sou focada naquilo que realmente vende e naquilo que consigo sentir através do feedback das pessoas», assume Susana Bettencourt. É o caso dos vestidos. «Não é muito usual uma marca de malhas propriamente vender bem vestidos, mas tentámos adaptar-nos e nesta coleção houve um maior investimento em vestidos», exemplifica. «Acho que a nossa palavra mor é mesmo adaptabilidade», conclui.