Spinnova revê estratégia

A empresa finlandesa, que em junho estabeleceu uma parceria com a Tearfil, registou um aumento do prejuízo operacional e anunciou estar a reavaliar a sua estratégia para o futuro, com destaque para a utilização de resíduos como matéria-prima.

[©Spinnova]

A Spinnova vai analisar oportunidades para expandir o licenciamento da sua tecnologia de fibra à base de madeira para novos clientes como parte da revisão do seu plano de negócios a médio e longo prazo, numa altura em que os prejuízos operacionais estão a aumentar.

No último semestre, o volume de negócios da empresa aumentou para 8,8 milhões de euros, em comparação com 7,6 milhões de euros no mesmo período do ano anterior, mas o prejuízo operacional também cresceu, para 10,9 milhões de euros, em comparação com as perdas de 5,7 milhões de euros registadas entre janeiro e junho de 2023. O prejuízo líquido foi de 10,6 milhões de euros face a 7,7 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano passado.

«A tecnologia única da Spinnova é um elemento diferenciador crucial. No futuro, a Spinnova vê grande potencial no desenvolvimento de matérias-primas circulares como resíduos têxteis e agrícolas, assim como na fibra Spinnova reciclada. Testes iniciais mostram que refinar estas matérias-primas em celulose micro fibrilhada pode ser mais eficiente que refinar outras matérias-primas com que a Spinnova trabalhou. A empresa recebeu um interesse significativo por parte de clientes que querem construir fábricas para converter múltiplas matérias-primas circulares em fibra Spinnova», anunciou a empresa.

No início de agosto, a empresa finlandesa, que firmou um acordo de cooperação com a empresa portuguesa Tearfil para operar uma linha de investigação e desenvolvimento para a produção comercial de fio, anunciou ter recebido uma bolsa de I&D da Business Finland, no valor de 1,9 milhões de euros, para criar fibras a partir de resíduos.

«Vemos uma oportunidade significativa para assumir um papel de liderança na indústria têxtil. As marcas e os consumidores finais querem ver mais têxteis feitos a partir de matérias-primas circulares. A tecnologia da Spinnova não usa processos químicos prejudiciais e não reduz a qualidade da fibra quando é usada matéria-prima reciclada. Vamos continuar a trabalhar de perto com marcas de vestuário e outras para desenvolver a nossa fibra e a gama de aplicações comerciais para os utilizadores finais», assegurou Ben Selby, CEO interino da Spinnova.

Parte da revisão estratégica, que inclui Tuomas Oijala como novo CEO, um cargo que ocupará efetivamente a partir de 1 de janeiro de 2024, está focada também no possível investimento numa segunda unidade produtiva para a Woodspin, resultado da joint-venture com a Suzano, cuja primeira fábrica abriu em maio, numa altura em que a Spinnova continua a desenvolver o conceito para reduzir o custo por tonelada de fibra produzida.

«A nossa atual estratégia serviu-nos bem até agora. Atingimos um marco importante de entregar a instalação da tecnologia na primeira fábrica da Woodspin e agora é a altura certa de revermos a nossa estratégia para darmos prioridade às ações que têm potencial de entregar o maior valor aos stakeholders no futuro», conclui Janne Poranen, presidente do conselho de administração da Spinnova.