A joint-venture entre a Spinnova e a Suzano prevê um investimento de 22 milhões de euros para a construção da fábrica que vai permitir escalar a produção da fibra sustentável. Esta será a primeira unidade de produção à escala comercial da Spinnova na Finlândia. O investimento total, incluindo todas as infraestruturas necessárias, está estimado em 50 milhões de euros.
A unidade de produção, que vai ser gerida e operada pela nova joint-venture, ficará localizada em Jyväskylä, a mesma cidade onde está instalada a unidade piloto e o centro de investigação e desenvolvimento da Spinnova. A fibra sustentável feita a partir de madeira e resíduos sem necessidade de utilização de químicos perigosos, deverá ficar disponível no mercado em 2022.
«Todas as principais marcas têxteis estão a procurar formas de minimizar as suas emissões e pegada ambiental e criar uma fundação para matérias-primas circulares para os seus produtos», afirma, em comunicado, o cofundador e CEO da Spinnova, Janne Poranen. «Sentimo-nos humildes e orgulhosos por em breve sermos capazes de fornecer às marcas as nossas disruptivas fibras e tecidos sustentáveis», acrescenta.
A Suzano, que se apresenta como líder mundial na produção de polpa de eucalipto, vai assegurar a produção sustentável de celulose micro-fibrilada obtida a partir de eucaliptos plantados pela Suzano no Brasil. A fibra produzida será vendida sob a marca Spinnova, com a empresa a operar como fornecedora exclusiva de tecnologia.
«A Suzano usa apenas árvores plantadas no seu processo de produção. Esta matéria-prima renovável está a ser combinada com a tecnologia da Spinnova para produzir fibras que são mais sustentáveis que as opções atualmente disponíveis na indústria têxtil, que está alinhada com a procura da sociedade contemporânea», indica Fernando Bertolucci, diretor de tecnologia e inovação da Suzano.
Com um processo que não usa químicos perigosos e reduz em 99% a utilização de água em comparação com a cadeia de valor do algodão, a Spinnova sustenta que a sua fibra pode ser considerada «a fibra têxtil mais sustentável que existe». As fibras produzidas desta forma criam emissões de CO2 mínimas, são rapidamente biodegradáveis e não contêm microplásticos, destaca.
A tecnologia da empresa também permite a produção de fibras têxteis a partir de resíduos têxteis ou resíduos agrícolas como palha de trigo ou cevada, para além da madeira.
H&M a bordo
As matérias-primas da Spinnova têm sido desenvolvidas em colaboração com marcas de moda e retalhistas como a Bestseller, a Marimekko e a Bergans, tendo sido agora anunciado que a H&M se juntou a este grupo de entidades com parcerias com a Spinnova.
Esta é apenas a mais recente ligação da H&M a produtores de fibras sustentáveis, tendo já anunciado, no final do ano passado, uma parceria com a Renewcell e, mais recentemente, a joint-venture que detém com a Stora Enso, a LSCS Invest e a Ikea, a TreeToTextile, revelou que vai investir 35 milhões de euros na construção de uma unidade de demonstração na Suécia para escalar a produção de uma nova fibra celulósica regenerada, que é produzida a partir de matérias-primas renováveis e aprovisionadas de forma sustentável.
A Spinnova prevê ainda anunciar este ano várias novas colaborações com marcas e produtos, antecipando preencher a capacidade de produção da nova fábrica durante 2021.
«Acreditamos que a fibra Spinnova será o avanço que a indústria têxtil e da moda tem esperado», acrescenta Poranen. «Temos todos os componentes necessários: um produto de boa qualidade que pode substituir o algodão em produtos finais, a prova de conceito do nosso projeto de produção piloto, tecnologia escalável e uma oferta ampla e sustentável de matéria-prima. Para acelerar o crescimento da empresa, a Spinnova está agora a explorar ativamente múltiplas alternativas substanciais de financiamento», conclui.