Sorema produz tapetes veganos

A produtora de roupa e tapetes de banho alargou o portefólio. Além de versões mais sustentáveis, a Sorema tem agora também opções com fibras e acabamentos que não usam qualquer recurso proveniente de animais.

Ricardo Relvas

A preocupação com a sustentabilidade «não é nova» para a Sorema, que há muito incorporou matérias-primas orgânicas, como o algodão, mas a mais recente novidade vai mais longe, não usando qualquer produto de origem animal, tanto nas fibras, como nos acabamentos. «Temos produtos com tingimento de origem natural, à base de plantas e frutos», revela o administrador Ricardo Relvas. Este tipo de produto serve, sobretudo, um nicho de mercado. «Algumas marcas compram, porque o negócio deles é focado em produtos naturais e ecológicos. Noutros é importante ter, há uns clientes que querem ter um apontamento. Não quer dizer que sejam os produtos mais vendidos, mas querem sempre algum apontamento», explica.

As vendas da empresa especialista em tapetes de casa de banho estão distribuídas pelos EUA e a Europa, que em conjunto representam 80% do volume de negócios, mas também pela Ásia, que tem os restantes 20%. «Mantém-se tudo inalterado», afirma Ricardo Relvas, embora reconheça que mercados como o americano têm vindo a evoluir. «Tem crescido dentro do que é um mercado maduro, que nunca tem taxas de crescimento muito exponenciais. Tem acompanhado esta tendência de aumento dos gastos em produtos para a casa, mas não são aumentos estratosféricos», aponta.

Quanto ao tipo de clientes, também aí a distribuição se mantém. «Estamos com uma gama muito alta e em termos de clientes tem-se mantido mais ou menos. Temos agora menos department stores e mais retalho e online», refere. A empresa tem, de resto, apostado no comércio eletrónico, uma área que «tem evidenciado algum crescimento, mas não muito representativo», até porque tem como principal objetivo ser «uma montra dos nossos produtos, que ajuda os outros a vender», esclarece Ricardo Relvas.

Em 2021, a Sorema cresceu à volta dos 5%, para cerca de 10,4 milhões de euros. Já este ano, «o início foi interessante, mas com a questão da guerra houve alguma retração», admite o administrador. «Os nossos clientes dizem que está a haver alguma retração por parte dos clientes deles, que têm menos movimento nas lojas e estão a registar menos vendas. Eles já estão a sentir, nós havemos de sentir isso, se não mudar entretanto», adianta ao Jornal Têxtil.

Ainda assim, durante a Guimarães Home Fashion Week, a empresa sentiu uma grande movimentação e procura por parte de potenciais clientes internacionais. «Nas últimas edições era mais troca de contactos, não havia tanto desenvolvimento ou seleção de produto, não se avançava tanto na reunião. Nesta edição avançou-se mais nas reuniões. Não sei qual é a razão, talvez por ter havido menos feiras ou por estarem à procura de alternativas, de proximidade também por causa dos preços dos transportes, que tornou mais difícil comprar na Ásia. Toda a gente está a aumentar preços, porque as matérias-primas estão mais caras e, portanto, faz com que o mercado mexa um bocado mais», advoga.

 

Por tudo isso, para o resto do ano, a Sorema, que emprega aproximadamente 150 pessoas, estipulou como meta «manter o volume de negócios e ter, em termos de mix de private label e marcas, mais ou menos o mesmo, em 50%/50%. Dada alguma incerteza que existe por causa das matérias-primas, da guerra e dos transportes, se tudo se mantiver mais ou menos inalterável não é mau», considera Ricardo Relvas.

Para o administrador, «o preço das matérias-primas e da energia, do gás» são os grandes desafios, com Ricardo Relvas a assumir que teve necessidade de subir os preços cobrados aos clientes «à volta dos 10%. Quanto ao futuro a mais longo prazo, «passa muito pela sustentabilidade e pela questão da digitalização. Temos que ir por aí. Não tanto, se calhar, como ter uma loja online, mas ter alguns processos e algumas ferramentas que facilitem a vida aos nossos clientes, como portais que permitam mais facilmente a comunicação entre a empresa e os clientes», resume o administrador da Sorema.