Sorema no caminho da descarbonização

Além de uma gama de produtos vegan e com atenção ao impacto ambiental, a empresa de têxteis-lar está a fazer investimentos para descarbonizar a sua atividade, ao mesmo tempo que aposta em mercados mais promissores.

André Relvas

Matérias-primas orgânicas, tingimentos com corantes de origem mineral e produtos com certificação vegana são algumas das credenciais que a Sorema ostenta ao nível de produtos mais sustentáveis para a casa, nomeadamente para os tapetes de casa de banho que são o seu produto-estrela.

«O mercado tem procurado estes temas da sustentabilidade», confirma André Relvas, administrador da empresa. «É quase obrigatório passar por aí», acrescenta.

Mas não é só ao nível do produto que a empresa tem reforçado as suas credenciais ecológicas. «Temos um projeto de investimento de descarbonização em curso que passa pela aquisição de uma caldeira de biomassa e uma série de outros investimentos ao nível energético», revela o administrador, acrescentando que, no caso da caldeira de biomassa, deverá «estar instalada até às férias».

O investimento conjuga ainda uma vertente financeira relevante nas contas da Sorema. «Por um lado, é mais sustentável. Será também, seguramente, mais económico – põe-nos numa posição em que podemos escolher qual é o tipo de energia, em cada momento, que podemos utilizar, consoante a evolução do mercado, que está muito incerta a esse nível», explica André Relvas.

A incerteza é, de resto, mais ou menos generalizada, tendo-se feito sentir no primeiro semestre do ano. «Tem sido um início de ano bastante difícil, com um abrandamento do volume de negócios», assume o administrador da Sorema, que embora não tenha perdido propriamente clientes, sente que «maioritariamente há uma diminuição da procura e um ajustamento de stocks».

Uma conjuntura que está patente em praticamente todos os mercados, «com exceção do Médio Oriente que tem trabalhado um bocadinho melhor», refere André Relvas. Por isso mesmo, é esse mercado, assim como a Ásia, que está «a começar a abrir outra vez», que tem merecido uma maior aposta por parte da empresa, que exporta mais de 90% da sua produção. «Temos tentado direcionar um pouco para o Médio Oriente e a Ásia, sem esquecer os outros, que são os mais importantes. EUA e Europa em geral são mercados que representam a maior parte do volume de negócios da empresa», sublinha o administrador.

Melhorias no segundo semestre

Depois de ter crescido em 2022, tendo registado um volume de negócios à volta de 13 milhões de euros, as expectativas para este ano «não são seguramente de crescimento», confessa André Relvas. «As feiras até correm bem, as reuniões nas feiras também, mas depois é preciso concretizar os negócios e isso está um bocado mais difícil, os clientes estão, tendencialmente, a adiar as decisões», explica.

A afetar o negócio está igualmente o aumento dos custos. «Em comparação com o que era a realidade, por exemplo, em 2019, a estrutura de custos das empresas alterou substancialmente. Os custos energéticos, as matérias-primas, tudo o que são serviços, a logística, tudo aumentou. Embora alguns deles já tenham corrigido alguma coisa, estão todos seguramente superiores ao que era a realidade em 2019, incluindo a mão de obra, que teve um aumento bastante significativo nos últimos cinco anos» enumera o administrador. «Neste enquadramento menor de vendas, também se tem uma pressão maior ao nível daquilo que é a negociação dos preços com os clientes. E estas duas realidades, ao mesmo tempo, dificultam bastante as coisas», destaca.

Ainda assim, as perspetivas são de alguma melhoria para este segundo semestre. «Acho que já se nota alguma recuperação, acho que a correção dos inventários já passou e agora, paulatinamente, as coisas vão começar a crescer», refere o administrador da empresa, que emprega 160 pessoas.

A cautela, no entanto, ainda é prevalente, pelo que não estão previstos, de momento, grandes investimentos. «Temos de continuar a trabalhar naquilo que entendemos que é estratégico, naquilo que tem sido o alinhamento que temos vindo a seguir. Mas há coisas que não dependem só de nós. O mercado e a apetência dos consumidores para o têxtil-lar não dependem, propriamente, das empresas e essa é que é a realidade. É evidente que temos de procurar, dentro daquilo que existe no momento, estarmos o mais adaptados possível e questões como a sustentabilidade são, seguramente, áreas em que temos de estar presentes e em que temos de ter alternativas», conclui André Relvas.