Sorema e Bovi atacam juntas os EUA

Especialmente para o mercado norte-americano, a Sorema e a Bovi juntaram-se para melhor servir os clientes do outro lado do Oceano Atlântico e agarrarem as oportunidades que surgem nos EUA.

«É uma parceria que dura já há algum tempo e que está a correr muito bem. Não somos concorrentes, é benéfico para os dois aproveitarmos este tipo de sinergias que podemos ter em conjunto», garante Duarte Relvas, administrador da Sorema. «No início do projeto, a ideia era partilhar custos de espaço, das pessoas que estão a trabalhar connosco, dos representantes que temos nos EUA. Depois foi evoluindo», explica Ricardo Relvas, administrador da Sorema, acrescentando que existe mesmo alguma coordenação entre os produtos das duas empresas. «Os clientes são os mesmos, faz sentido que nos modelos que eles vendem mais tentemos coordenar com os modelos que nós vendemos mais. Nesta coleção que lançámos já temos um artigo que coordena com a roupa de cama deles», revela Ricardo Relvas ao Jornal Têxtil.

Duarte e Ricardo Relvas

Nos EUA, a Sorema e a Bovi têm um armazém para efetuar a distribuição. «Temos duas pessoas que trabalham para as duas marcas. Temos um showroom partilhado entre a Graccioza [marca da Sorema] e a Bovi. Partilhamos recursos humanos, vamos ao mercado em conjunto, eles no banho e nós nos artigos de cama, e temos stock local, servimos as lojas de forma muito rápida e eficaz. Foi um desafio que começou há um ano e meio atrás e a experiência é francamente positiva», afirma Gabriel Ribeiro, diretor de marketing e vendas da Bovi. Mas, sublinha, «estamos na fase de crescimento, ainda há muito para aprender».

Um mercado de oportunidades

Ambas as empresas têm grandes ambições para os EUA, apesar das questões políticas que têm vindo a afetar o mercado, nomeadamente defendidas por Trump. «O mercado americano está a correr muito bem, o que me preocupa é apenas em termos políticos», admite Duarte Relvas. «Não sei o que vai acontecer, é muito difícil de especular. As coisas podem correr muito bem ou muito mal, depende muito de como forem as reações», acrescenta.

O potencial, contudo, é enorme. «Para além do mercado ser muito grande, 50% do mercado de luxo do mundo, ainda nos percecionam de uma forma muito mais valorizada, mais entusiasmada. O made in Portugal acaba por ter um peso extraordinário no mercado americano», considera o administrador da Sorema.

Gabriel Ribeiro

«Para os próximos cinco anos o desafio continua, porque o mercado precisa de apoio, precisa que estejamos de forma permanente e muito perto. Esse sem dúvida será o mercado onde vamos investir», assegura, por seu lado, Gabriel Ribeiro. «A nossa meta é continuar a crescer a partir de Atlanta e, obviamente, chegar a outros estados através de agentes regionais e representantes locais. Mas temos consciência que estamos numa zona geográfica que tem milhões de habitantes, são seis Estados que devem ter um quarto da população da Europa, portanto temos muito pano para mangas. Nos próximos cinco anos é por aí que temos de crescer, mas sempre com a mesma orgânica, com a mesma filosofia de mercado que temos até agora», acredita.

Futuro em aberto

Sorema
Bovi

O diretor de marketing e vendas da Bovi não põe de lado, contudo, a expansão para outras geografias, incluindo no mesmo modelo de parceria. «Gostaríamos de encontrar formas iguais ou pelo menos semelhantes a esta que temos com os EUA noutros mercados também», adianta, apontando a América Latina e a Ásia como potenciais alvos. «Se calhar seria mais imediato na Ásia visto que em termos de importação e todo o processo logístico acaba por ser mais fácil do que na América Latina. Embora na América Latina haja proximidade cultural e linguística, os entraves legais em trabalhar no mercado, na importação, são superiores aos que encontramos na Ásia», elucida.

Atualmente, a marca Bovi é vendida sobretudo no estrangeiro (75%), em lojas multimarca do segmento médio-alto de 30 países. «A principal vantagem é sermos produtores. A Bovi fabrica o artigo que está a vender, não é uma trading que compra e vende. Explicar isto às lojas a quem vendemos, que estão a comprar diretamente à fábrica, que produz, que tem máquinas, que inova, dá-lhes uma garantia. Acho que isso é o segredo para conseguirmos chegar a novos mercados», resume Gabriel Ribeiro.