Fundada em 1986, a Somani está a trabalhar a linha de bebé e criança sob um conceito de 360º. «Trabalhamos desde roupa a acessórios, cama e banho. Queremos funcionar para os clientes como uma “one stop shop” – na mesma empresa, debaixo do mesmo conceito, eles conseguem desenvolver toda a coleção», explica o diretor comercial Nuno Costa.
Um conceito conseguido graças às diferentes valências da empresa, que nos últimos 35 anos acumulou uma vasta experiência nas diferentes fases do processo produtivo. «Em termos de matérias-primas, temos muita flexibilidade em misturar malhas com felpos e com tecidos e temos também um leque de produtos desenvolvidos bastante grande», afirma ao Portugal Têxtil.
Além de criança, a Somani, que emprega cerca de 100 pessoas, produz igualmente nightwear, loungewear e artigos em felpo, áreas que, apesar de terem ocupado um papel secundário no stand da empresa na última edição da Premiére Vision Paris, acabaram por se destacar. «Não sei se devido à pandemia, foi uma área onde tivemos muita atenção por parte de quem nos visitou», revela Nuno Costa, que confessa que a feira parisiense «superou as nossas expectativas, porque contávamos com menos visitantes».
Sustentabilidade na Europa
A sustentabilidade tem sido uma aposta da empresa – que detém as certificações Oeko-Tex Standard 100, GOTS – Global Organic Textile Standard e BSCI – Business Social Compliance Initiative –, apesar do campo de jogo não estar nivelado, na perspetiva do diretor comercial. «Acho que a sustentabilidade é, de facto, uma oportunidade, porque o sector têxtil e da moda é o segundo sector que mais polui no mundo», considera Nuno Costa, pelo que «a Europa devia aproveitar a questão das alterações climáticas e da sustentabilidade como uma oportunidade. A sustentabilidade de facto, do ponto de vista social e ambiental, é produzida na Europa». Por isso mesmo, advoga, «deveríamos ter uma certificação “made in Europe” na totalidade, integral. É o nosso caminho. Choca-me ter um turco, que tem um regime político completamente diferente daquilo que defendemos na União Europeia, com os mesmos certificados, que na maior parte são emitidos por países que não têm têxtil, e estarmos em pé de igualdade. Para mim, não faz sentido».
Por isso, «gostava que o futuro fosse assim: Portugal é sustentável, tem um modelo social diferente, e, ecologicamente, a Europa é um mundo à parte», assume Nuno Costa. «Temos um teste de âmbito global. Concorremos com armas bastante desiguais e é muito com o esforço dos empresários, das empresas, das equipas que chegámos aqui. A Europa, do ponto de vista político, abandonou completamente o sector e hoje, por exemplo, para colocarmos um produto na China é extremamente difícil, porque eles acabam por se proteger e, ao contrário, permitimos que eles coloquem cá tudo. Isso não pode acontecer», ressalva.
Investir no futuro
Depois de «um ano atípico» em 2020, que «não correu mal» para a Somani, que se dedicou, em parte, à produção de máscaras e EPIs, e fechou com um volume de negócios de 12 milhões de euros, e de um 2021 que traz «perspetivas otimistas», 2022 deverá trazer novos investimentos. «Estamos a pensar em preparar-nos com equipamentos mais modernos a vários níveis da cadeia de produção», admite o diretor comercial. O objetivo destes investimentos «não será aumentar a capacidade. Será a eficiência energética, a eficiência produtiva e a inovação», aponta. «Estamos a pensar em soluções um bocadinho diferentes para o nosso tipo de produto», esclarece Nuno Costa.
Quanto ao futuro, embora consciente da incerteza, «estando à frente de uma empresa, tem de se estar otimista e, se estamos a pensar investir, é porque acreditamos que temos espaço», conclui o diretor comercial da Somani.