As linhas de crédito garantidas pelo Estado para ajudar as empresas no combate à pandemia de Covid-19 estão praticamente esgotadas. Mas apesar de estarem aprovadas operações de financiamento no valor de 6,2 mil milhões de euros, apenas um terço terá chegado às empresas. Os dados são do IAPMEI e foram revelados pelo presidente deste organismo, Nuno Mangas, no Parlamento.
Segundo um documento enviado aos deputados, a que o Jornal de Negócios teve acesso, até 22 de maio, tinham sido aprovadas 31.839 operações de financiamento num valor total de 6.208 milhões de euros. Destes só 11.596 tinham sido contratadas entre bancos e empresas, num montante de 1.733 milhões de euros, ou seja, apenas 27,9% chegou às empresas.
A demora no acesso às linhas de crédito garantidas pelo Estado tem sido alvo de críticas, quer por parte das empresas, quer por parte do próprio Governo. Aliás, o primeiro-ministro já apontou mesmo o dedo à banca, afirmando existir uma «enorme disparidade» entre o valor aprovado por parte da Sociedade de Garantia Mútua e o valor entregue pelos bancos às empresas.
O presidente do IAPMEI explica que existe sempre algum atraso entre a comunicação que é realizada pela SPGM e a publicação dos dados, pelo que, neste momento, acredita que o volume contratado ultrapasse os 2 mil milhões de euros.
Em relação ao facto de as linhas estarem praticamente esgotadas, Nuno Mangas adianta que o «Governo já está a trabalhar em soluções, que estão em preparação no âmbito do plano de estabilização económica e social».
De referir que o Executivo tem autorização de Bruxelas para conceder garantias até um máximo de 13 mil milhões de euros, pelo que pode decidir reforçar as atuais linhas de crédito.