Sicornete protege a costa

A empresa portuguesa, parte do grupo Sicor, desenvolveu um sistema de controlo da erosão costeira com base em geotêxteis, que está a ser testado com sucesso em Portugal.

Filipe Rôla (à direita) na apresentação do projeto na iTechStyle Summit 2023 [©CITEVE]

A erosão costeira é, segundo Filipe Rôla, administrador da Sicor, «um grande problema mundial» que tem levado ao desenvolvimento de diferentes soluções, desde a utilização de pedras e cimento a contentores produzidos com têxteis e cheios de areia.

Com o projeto ErCoSys, que a Sicornete desenvolveu em conjunto com o CITEVE, o objetivo era desenvolver uma nova solução sustentável com base num grande têxtil técnico tubular com elevada performance em termos de propriedades mecânicas e durabilidade, nível adequado de drenagem de água e sem as tradicionais costuras.

A empresa analisou os fios e a proteção aos raios UV, assim como a resistência à abrasão, entre outros parâmetros. «Para materializar a nossa ideia, que era ter um têxtil sem costuras ou com a quantidade mínima de costuras, tivemos de desenvolver um novo tear», revelou Filipe Rôla. «Como estamos a falar de um produto muito pesado e queríamos ter um tecido tubular ou contínuo, tivemos de criar um tear com oito metros de largura e trabalhar com 7.000 fios à teia», acrescenta.

Neste tear foram desenvolvidas diferentes estruturas, tendo sido produzido um protótipo de dupla camada em poliestireno e polipropileno com aditivos para resistência UV, que deu origem a um geocilindro com 30 metros de comprimento. «Estamos a falar de tecidos que pesam, por metro quadrado, até dois quilos, o que significa que, quando estamos a falar de um tecido com 30 metros de comprimento e cinco metros de diâmetro, no final tem um peso de 900 quilos», realçou. «Por isso, é muito importante que esteja praticamente acabado quando sai do tear para evitar ter outros processos que são difíceis de industrializar», acrescentou o administrador.

As duas camadas de tecido foram cosidas e preenchidas com areia, elevando o peso final do geocilindro para 900 toneladas.

O sistema está a ser testado há mais de um ano. «Neste tipo de produto é necessária alguma manutenção para encher novamente os lados, porque é como uma rocha [há desgaste], não é um milagre», apontou.

O projeto, de que resultaram novos fios técnicos com maior resistência aos raios UV, o tear de grandes dimensões, tecidos técnicos tubulares e o próprio geocilindro com capacidade para evitar a erosão costeira, vai continuar. «Estamos a trabalhar em novas soluções para usar, por exemplo, novos tipos de pinças para termos uma trama contínua e um tecido contínuo», exemplificou Filipe Rôla. Estão igualmente a ser analisados diferentes padrões, fios e densidades para os tecidos, geometrias e formas para o geocilindro, assim como enchimentos alternativos.