Shein regista lucro recorde

A retalhista de origem chinesa revelou aos investidores ter tido o maior lucro líquido de sempre no primeiro semestre deste ano, apontando o lançamento dos marketplaces nos EUA e no Brasil como dois dos motores de crescimento.

[©Shein]

Numa carta enviada aos investidores, a que a CNBC teve acesso, o vice-presidente executivo da Shein, Donald Tang, afirma que houve uma aceleração do volume de vendas e que os lucros melhoraram nos primeiros seis meses deste ano face ao segundo semestre de 2022.

«No primeiro semestre registamos o maior lucro líquido da história da empresa em comparação com um quase break-even durante o mesmo período de 2022», indica. «Em particular, o nosso dinamismo continuado nos EUA reforça a nossa posição de liderança no mercado, acrescenta Donald Tang.

A retalhista, que foi fundada na China e está atualmente sediada em Singapura, tem usado a sua seleção de moda a preços baixos para conquistar os consumidores Millennials e da Geração Z e posicionar-se como líder na fast fashion.

No ano passado, a Shein registou um volume de vendas de 23 mil milhões de dólares (cerca de 21 mil milhões de euros), estando atualmente avaliada em 66 mil milhões de dólares, de acordo com uma publicação de maio do The Wall Street Journal.

O programa de abertura de marketplaces, com a entrada de diversas marcas na sua plataforma de vendas, tem permitido à Shein aumentar o seu volume de negócios, entregar produtos mais rapidamente e atrair novos consumidores sem ter de gerir inventários nem a produção, destaca a notícia da CNBC.

Na carta, Donald Tang aborda a estratégia de marketplaces da Shein e os recentes lançamentos no Brasil e nos EUA, adiantando que o valor mensal total dos produtos vendidos desde o início de 2023 triplicou para quase 100 milhões de dólares no Brasil, com 6.000 vendedores ativos.

«Isto corresponde agora a um terço do total [do valor bruto de produtos] do Brasil. Além disso, estamos a continuar a expandir as categorias de produto no nosso marketplace para outras categorias além da moda e do vestuário, incluindo eletrodomésticos e outros artigos para a casa», aponta.

A Shein anunciou o lançamento dos marketplaces no Brasil e nos EUA em maio. A retalhista tem também planos para implementar marketplaces no México, assim como na Alemanha, Espanha, França e Itália.

IPO e polémicas

A Shein tem sido alvo de rumores de que estará a preparar a sua entrada na bolsa de valores com uma oferta inicial pública (IPO), com a Reuters a avançar em junho que retalhista terá submetido confidencialmente documentos junto da autoridade americana para entrar na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

No ano passado, a Shein terá tentado o mesmo processo, mas a invasão russa da Ucrânia colocou esses planos em pausa.

A retalhista tem estado igualmente envolvida em diversas polémicas, nomeadamente com a possível utilização de mão de obra forçada de Xinjiang, o que a empresa nega.

Noutro domínio, a coligação Shut Down Shein acusa a retalhista de explorar as leis alfandegárias americanas para evitar pagar impostos.

No início de julho, a Shein foi ainda acusada, num processo submetido no tribunal de Los Angeles, de infringir certas marcas registadas pertencentes a uma empresa produtora de vestuário por encomenda. A H&M também está a processar a retalhista por infração das leis de direitos intelectuais num processo submetido no tribunal de Hong Kong. Em sentido inverso, a Shein processou a Temu também por violação dos direitos de marca registada, que por sua vez processou a Shein por violação das leis de concorrência.