Shein planeia abrir fábrica no México

A retalhista online está a ponderar o México para instalar um dos seus centros de produção fora da China, como forma de contornar a cada vez mais pressão por parte dos legisladores americanos e expandir mais facilmente as suas operações na América Latina.

[©Flickr-Dick Thomas Johnson]

A informação é avançada pela Reuters, que indica que a fábrica, que irá fazer produtos da Shein e faz parte da investida da retalhista para levar a produção para mais perto dos mercados de venda, pode reduzir os prazos de entrega e os custos de distribuição para os consumidores na América Latina.

Em abril, a Shein, fundada na China e atualmente sediada em Singapura, anunciou a criação de uma rede de produção no Brasil para servir como base mundial.

A localização definitiva para a unidade no México não está ainda definida, indicam as fontes anónimas da Reuters. Alegadamente, a Shein irá usar fundos da sua recente angariação de capital, que reuniu dois mil milhões de dólares, para a expansão, numa altura em que se fala de uma possível entrada na bolsa de valores nos EUA.

A Shein, que terá registado taxas de crescimento anuais de 40% no volume de negócios, segundo as fontes da Reuters, recusou comentar a expansão, mas adiantou estar empenhada na produção local à medida que acrescenta novos mercados.

Inauguração sede EMEA [©Shein]
«A estratégia local da Shein permite-nos reduzir os prazos de entrega aos clientes e ao mesmo tempo expandir a variedade de produtos e apoiar as economias locais», escreveu Marcelo Claure, presidente do conselho de administração da Shein Latin America, numa declaração enviada por email à Reuters. A Shein «vai continuar a explorar opções de nearshoring», acrescentou.

A empresa abriu também este mês uma sede para a Europa, Médio Oriente e África (EMEA) em Dublin, na Irlanda, depois de em 2022 ter aberto três centros de distribuição na região – na Polónia, em Itália e nos Emirados Árabes Unidos.

Pressão nos EUA

A Shein, tal como a Tamu, uma retalhista de preços baixos que vende desde vestuário a eletrónica a partir da China para os EUA, tem estado sob escrutínio por parte do Congresso americano por causa do que alguns legisladores apelidam de exploração das leis comerciais dos EUA. A Shein tem estado igualmente sob pressão em mercados como a Índia e o Brasil pela sua ligação a cadeias de aprovisionamento na China.

[©Shein]
Em abril, uma comissão federal americana publicou um relatório a criticar a Shein e a Tamu pelo seu uso de minimis, uma exceção que permite às empresas evitar taxas ao enviarem encomendas com um valor inferior a 800 dólares diretamente para os consumidores americanos. O relatório criticava ainda a Shein por usar algodão proveniente de Xinjiang, que está proibido nos EUA pela sua ligação a trabalho forçado de uigures, uma acusação que a Shein negou.

Um grupo de representantes americanos também enviou uma carta à retalhista onde citava as preocupações com o trabalho forçado e com a utilização de minimis.

«Estamos voluntariamente a cooperar com o comité e estamos empenhados em trabalhar em conjunto nesta matéria», afirmou um porta-voz da Shein, que acrescentou que a empresa está «empenhada em respeitar os direitos humanos e a aderir a leis e regulamentos locais em cada mercado em que operamos»

A Shein já afirmou no passado que tem «tolerância zero» para trabalho forçado e que exige que os fornecedores respeitem as convenções da Organização Internacional do Trabalho.