Afastando de si todo o pensamento negativo que tem vindo a atormentar o mundo de uma forma geral, a Semana de Moda de Paris voltou a provar que a melhor solução em tempos menos fáceis é mesmo dar asas à imaginação. Além disso, as passerelles parisienses comprovaram igualmente comprovado que, para incutir nos consumidores a vontade de consumir, o ideal é recorrer ao poder do sexo na moda. Diferente da sensualidade típica e já conhecida de marcas italianas como Roberto Cavalli e Versace, em Paris o recurso à sensualidade foi bem mais subtil e complexo. Todavia, o mesmo não deixou de causar grande impacto junto da comunicação social e dos convidados aos desfiles. Tal verificou-se, na apresentação da colecção de marcas conceituadas como Hussein Chalayan, que chegou a apelar ao erotismo, «remodelando seios e nádegas das modelos num material com textura entre látex e couro, em vestidos extremamente curtos com uma modelagem justa e em botas até às coxas», como salientou a marca em comunicado. Para garantir que nenhuma imagem caía na vulgaridade, foi ainda aplicada uma boa dose de humor às colecções. Humor, esse utilizado no momento em que Pamela Anderson – um dos ícones mundiais de sensualidade – subiu à passerelle no desfile de Vivianne Westwood. De igual forma, Marc Jacobs apostou numas orelhas de coelho, bem ao jeito da Playboy, na sua colacção para a Louis Vuitoon, que também ficou marcada pela botas altas exibidas pelas longas pernas das manequins, assim como por silhuetas curtas e muitas justas. Para além do humor, outra arma foi também usada pelas marcas de luxo para apelarem à sensualidade sem cair em exageros. Tratou-se da modelagem e dos tecidos escolhidos, assim como a aposta numa ligeira aproximação ao guarda-roupa masculino. Foi neste seguimento que a Chanel usou e abusou dos decotes profundos, fendas nas saias e silhuetas ajustadas, apelando assim à sensualidade sem que a sua reputação de elegância pudesse ser minimamente abalada. Sem abandonar o luxo, as marcas que desfilaram na Cidade-luz parecem querer chamar a atenção das consumidoras não através da economia, mas sobretudo pela necessidade – haja crise ou não – que todas as mulheres têm em seduzir. Afinal, e relembrando velhos slogans publicitários, o sexo vende mesmo.