Seminário lança debate sobre o futuro da ITV

A APT apresentou no auditório do CITEVE em Famalicão os principais resultados de um estudo encomendado à Kurt Salmon e BPI sobre o impacto da liberalização do comércio mundial de têxteis e vestuário na economia portuguesa.

Contando com intervenções de José Alexandre Oliveira, presidente da APT, Artur Santos Silva, presidente do BPI, especialistas da Kurt Salmon e BPI, representantes da APT e da DGREI, bem como a participação do Secretário de Estado da Indústria, Prof. Victor Santos, foram debatidas as principais conclusões do estudo bem como as estratégias a adoptar pelas empresas portuguesas para assegurar um futuro competitivo num mercado liberalizado.

Durante o seminário foram apresentadas as perspectivas em termos de impacto da liberalização sobre as empresas dos diversos sectores da fileira, bem como os pontos fortes, fracos e estratégias a adoptar. Os especialistas da Kurt Salmon salientaram que os riscos para a ITV portuguesa se baseavam sobretudo nas pressões que a China poderia exercer sobre o mercado europeu, pelos problemas causados pelo dumping e pelo facto da tecnologia já não ser, hoje em dia, um factor diferenciador.

Pela positiva, destaca-se a possibilidade de penetração em mercados que até ao momento se encontram fechados aos produtores portugueses.

No diagnóstico da situação competitiva actual da ITV portuguesa, apresentado pela Kurt Salmon, destaca-se o grau de modernização tecnológica da indústria, considerado como bastante elevado, bem como a forte experiência exportadora da ITV nacional, a par do know-how específico. Detectaram-se porém deficiências ao nível da capacidade de marketing, em comparação com as melhores práticas do sector no resto da UE, bem como algumas lacunas na produção de colecções e de marcas próprias.

Na opinião dos especialistas da Kurt Salmon, as principais recomendações à ITV portuguesa são no sentido do alargamento da cadeia de valor, com uma forte aposta na inovação, no desenvolvimento de produtos e colecções próprias, em íntima ligação com a distribuição organizada, na aposta em iniciativas baseadas no conceito de Quick Response e, finalmente, na promoção das alianças estratégicas, com o objectivo de potenciar capacidade e esforços.

Outra área em destaque é a do desenvolvimento de novos perfis estratégicos, intimamente ligados às áreas do marketing, do produto e do mercado, do desenvolvimento do produto e processos, e de uma forte aposta na área do planeamento e logística. O seminário, fortemente concorrido, contou não só com uma plateia numerosa de empresários como também com a presença de diversos representantes de instituições internacionais. Ao longo do seminário gerou-se um animado debate entre os participantes, salientando-se as trocas de impressões sobre as estratégias a seguir para assegurar o sucesso da indústria têxtil e do vestuário portuguesa num mundo onde as trocas comerciais são cada vez mais liberalizadas.

Dada a importância do estudo para as empresas nacionais, o Jornal Têxtil conta, numa próxima edição, apresentar uma análise detalhada das suas principais conclusões.