sampLess desmaterializa amostras

Com pouco mais de um ano, a sampLess quer contribuir para reduzir a produção física de amostras e, para além dos serviços que fornece em Portugal e em vários outros países, está a criar um centro de formação para capacitar profissionais em 3D.

Paulo Salgado

Fundada em março de 2021, a sampLess apresenta-se como o primeiro centro de serviços digitais em Portugal e assume como missão «ajudar os industriais da moda a reduzir até 75% dos recursos consumidos no processo tradicional de prototipagem física», explica Paulo Salgado, fundador da empresa.

«A transformação digital é inevitável para o futuro da indústria da moda, sobretudo na situação pós pandemia. A criação de produtos digitais é fundamental para as empresas se manterem competitivas, pois é a única forma de lançar continuamente novas coleções e atender às necessidades dos consumidores em constante mudança e cada vez mais focadas em soluções sustentáveis», afirma Paulo Salgado. «Porém, a tecnologia está a desenvolver-se a uma velocidade muito maior do que a fileira da moda pode acompanhar, o que significa que a indústria está ávida de especialistas de transformação digital que possam transferir conhecimento aos profissionais do sector neste processo de digitalização 3D, testando e implementando as soluções tecnológicas mais avançadas do mercado e que garantam uma usabilidade simples e adequada ao nível de conhecimento digital de cada realidade industrial», acrescenta.

É aí que a sampLess pretende intervir. «Para desenvolver um processo de prototipagem digital escalável não basta escolher um software de modelação 3D e fazer simulações realistas. É necessário desenhar toda uma linha de produção digital que garanta a integração e compatibilidade de todas as etapas, bem como assegurar a correta evolução da cultura da empresa na adaptação de todas as pessoas intervenientes no processo. Através do estabelecimento de parcerias exclusivas com as melhores empresas de software do mercado, implementamos soluções integradas que permitem que os nossos clientes criem, avaliem, testem, planeiem e rastreiem digitalmente os seus produtos para maximizar a comunicação, inovação, transparência e inspiração em todas as fases do ciclo do produto», destaca Paulo Salgado.

Opções customizadas

A empresa pode fornecer serviços de 3D, em que o cliente fornece os designs em 2D e com a ficha técnica e a sampLess desenvolve a modelação em 3D e cria protótipos digitais que podem depois facilmente ser alterados com novas cores ou estampados, por exemplo, ou então fazer consultoria para a implementação de estratégias digitais. «Criámos um programa de aceleração de produção digital, específico para produtores e marcas que já estão decididos a avançar no processo, mas desconhecem qual a melhor estratégia para a sua implementação», revela ao Jornal Têxtil.

Recentemente, a sampLess estabeleceu uma nova parceria com uma empresa norte-americana especializada no desenvolvimento colaborativo de produtos digitais. «Esta solução foi criada a pensar nas PMEs, que pretendem trabalhar em 3D sem terem que incorporar um departamento de modelação 3D “in-house”, numa primeira fase. As equipas de desenvolvimento poderão, desta forma, manipular um protótipo digital de forma autónoma até à sua configuração final, alterando partes, materiais, cores, estampados, transfers, permitindo ainda o registo de mensagens e partilhas em tempo real com clientes para aprovação», detalha Paulo Salgado. «Caso seja necessário, a modelação 3D poderá ficar a cargo da sampLess, que será parte integrante do processo através dos seus serviços de modelação 3D», aponta.

Uma terceira área prende-se com a formação. «Pretendemos criar, juntamente com os centros de formação profissional de referência da indústria da moda, uma rede de programas de estudo onde facilitamos, na maioria dos casos de uma forma gratuita, o acesso às tecnologias necessárias à aceleração digital e à transferência do conhecimento para a indústria», avança Paulo Salgado, que anuncia ainda a abertura do primeiro centro de formação sampLess até ao final do ano no Porto, que vai permitir que «profissionais da indústria local, incluindo fornecedores, designers, modelistas, designers técnicos e aspirantes a designers 3D, aprendam e ganhem experiência na criação de roupas 3D». A empresa está ainda aberta «a colaborar com as associações têxteis, escolas de moda e centros de formação profissional que identifiquem este processo como sendo estratégico para os programas dos seus alunos», realça o fundador.

Expansão internacional

Atualmente, nomes como a Impetus, Crialme, Carvema e ASM estão já a trabalhar com a sampLess, um portefólio de clientes que deverá crescer, já que a empresa integra o projeto Texp@ct – Pacto de inovação para a digitalização do STV. «Esperamos em breve poder anunciar outros grandes nomes», afiança Paulo Salgado. Ainda assim, «apesar de estarmos a trabalhar com empresas de referência em Portugal, o foco da sampLess são as PMEs. São cada vez mais as empresas que nos procuram para a criação de catálogos digitais», garante.

Espanha e Brasil são outros mercados que a sampLess está a explorar. «Vamos abrir em breve uma operação no Brasil e vamos estar presentes na Febratex em agosto, dado o volume de projetos e solicitações que temos recebido, não só de PMEs, como também das grandes marcas de retalho de referência, como o grupo Renner, com mais de 800 lojas na América do Sul», adianta Paulo Salgado.

Com as perspetivas para este ano em alta e mesmo «acima das nossas expectativas», a sampLess quer, no futuro, «ser reconhecida como uma empresa que ajudou a indústria têxtil a acelerar o seu processo de transição digital para um aumento de competitividade e sustentabilidade do processo» e «contribuir, através da introdução das novas tecnologias, para um aumento da procura e atração dos profissionais mais jovens para a indústria têxtil», assevera o fundador da empresa.