A etiqueta “Sampedro” recua até aos anos 20 do século passado, altura em que a empresa abriu as portas. A especialista em roupa de cama, a que junta toalhas de mesa e felpos, está já a preparar as celebrações do seu centésimo aniversário, através de uma renovação de toda a estrutura interna da fábrica. «Há quatro anos iniciamos um plano estratégico de investimentos [que se prolonga] até ao fim de 2020», porque «em 2021 fazemos cem anos e queremos trabalhar na fábrica antiga de nome e nova por dentro», confirma Simão Gomes, presidente do conselho da administração, ao Portugal Têxtil.
O plano de investimentos, que contabiliza 15 milhões de euros, atravessou «todas as áreas produtivas», desde a criação, ao sector informático e ao energético, regista. Na área da energia, por exemplo, Simão Gomes salienta a implementação de painéis fotovoltaicos e de sistemas de recuperação para «diminuir os consumos» e «contribuir para a [redução da nossa] pegada ecológica». Já na vertente produtiva, aos processos de tecelagem, tinturaria (em peça, em fio e em contínuo), estamparia, acabamentos e confeção, a empresa acrescenta, este ano, a estamparia digital, perfazendo uma capacidade produtiva global de 1,5 milhões de quilos.
«Precisamos de uma empresa que seja sustentável para os novos e para o futuro. E que seja reconhecida por fazer têxteis-lar de qualidade», argumenta Simão Gomes. Com um efetivo de 160 trabalhadores, o presidente da administração admite, porém, que «numa empresa nunca podemos dizer que está tudo investido, porque, hoje em dia, as tecnologias são muito disruptivas». Pelo menos, «o grosso [do investimento] está feito», assegura.
Persistência traz bons resultados
Apesar de ter passado os últimos quatro anos a pensar no futuro, a Sampedro viveu um presente atribulado. De uma taxa de exportação de 82%, a maior fatia é representada pelo Reino Unido, que, ao longo de 2019, levantou sérios constrangimentos comerciais por força do Brexit. «Seria inconsciente se não estivesse [preocupado com o Brexit]», confessa o executivo.
«Dada a fraca procura que havia no nosso mercado natural, que é a Europa, tivemos de insistir nos EUA e fazer o máximo esforço para conseguir recuperar as vendas perdidas», explica. O mercado norte-americano ocupa o segundo lugar da tabela de destinos de exportação da Sampedro, com uma quota de 11%, seguindo-se a Suíça, Espanha, Suécia, Itália, Holanda, Canadá e França. «Por sorte», nas palavras de Simão Gomes, quando a procura da Europa diminuiu, em 2019, a empresa conseguiu aumentar as vendas para os EUA, o que «nos permitiu fechar o ano com um crescimento de 2%», frisa.
O volume de faturação de 15,5 milhões de euros é o reflexo do «muito esforço» investido no mercado norte-americano, porque «foi a nossa persistência que conduziu a um crescimento [de vendas] precisamente na altura em que mais precisávamos dele», argumenta o presidente da administração.
Agora, o próximo passo é chegar à Coreia do Sul e ao Japão. «Temos de fazer apostas seletivas porque uma PME não pode estar em todo o mundo ao mesmo tempo» e «acreditamos que há uma gama de potencialidades para vender os nossos artigos para estes destinos», sublinha.
Para este ano, a expectativa é crescer ligeiramente, entre 1% a 2%. «Todos dizem que 2020 não será muito bom», mas «[estou] com algum ânimo», assume Simão Gomes. «É verdade que o mercado não está muito bom para essas pretensões, mas, como já estava assim no ano passado e conseguimos [obter crescimento], vamos continuar a batalhar». No seio desta estratégia, poderá estar a definição de um plano de revitalização da sua marca própria, que já chegou a ser «muito conhecida» na Península Ibérica, relembra.