Saldo positivo das empresas portuguesas

Na sequência da entrevista que realizámos sobre o balanço do El Corte Inglés em Lisboa, o Jornal Têxtil falou com três empresas presentes naquele espaço. Irmãos Vila Nova (Salsa), Malhacila (Concreto) e Piúbelle falam sobre as suas apostas, receios e adaptações no grande espaço espanhol da capital nacional. Irmãos Vila Nova (Salsa) «Temos o espaço mais rentável» Jornal Têxtil – Gostaria de saber como é que está a correr a apresentação da Salsa no El Corte Inglés? Filipe Costa (Sócio-gerente) – Para já tem tudo corrido bem, estamos satisfeitos. A aposta no Corte Inglés tem vindo a funcionar bem, até porque mudámos logo a área ao mudarmos de estação, nomeadamente em Fevereiro. Ou seja, iniciámos com 47 m2, e de facto o volume de vendas correu tão bem, que a partir daí eles autorizaram-nos a aumentar a área praticamente para o dobro. Digamos que estas foram as alterações mais significativas. A Salsa tem sido de facto um “boom”, penso que é uma das marcas que melhor tem vendido. Tem tido uma boa aceitação, sendo considerado, aliás, o espaço mais rentável por metro quadrado. Em termos de vendas, é um bom espaço que a Salsa tem. No que diz respeito às colecções está especificamente organizado com base nos artigos mais vendidos da Salsa. JT – Aumentou o número de encomendas de uma estação para a outra? FC – Aumentámos. Não tenho um histórico de situações semelhantes, porque o Corte Inglés abriu em Dezembro, mas teve um “boom” de vendas nesse mesmo mês. JT – Quais são as diferenças que vê neste ponto de venda, relativamente às suas outras lojas? FC – É uma experiência com uma grande cadeia espanhola, que pode mais tarde vir a ter algum interesse estrategicamente para entrarmos em Espanha, dado que eles estão muito bem instalados e muito bem posicionados. Isto poderia de facto, se a experiência correr bem, ajudar-nos a entrar no mercado espanhol, é essa a perspectiva da Salsa. JT – Vai vender para Espanha, via Corte Inglés? FC – Sim, eventualmente, esta poderá ser uma porta aberta para vendermos em Espanha. Pode servir de rampa de lançamento para projectarmos a marca lá. Nada está definido, mas pode-se perspectivar no futuro o avançar da marca para Espanha. JT – Qual acha que vai a receptividade de uma marca como a Salsa em Espanha? FC – Tem de se experimentar para se ver, naturalmente se calhar vamos fazer a experiência num Corte Inglés ou outro, e depois as coisas vão avançando e vamos vendo. JT – Para já é uma experiência positiva? Está satisfeito com o mercado nacional? FC – A perspectiva é que se as coisas correrem bem em Portugal, e felizmente até à data as coisas têm vindo a correr bem, seria intenção da Salsa avançar para Espanha. Piubelle Vamos aumentar o espaço Jornal Têxtil – Qual o comentário que lhe merece a experiência com o El Corte Inglés? Vera Gonçalves (Directora Comercial) – Tem corrido bem. O El Corte Inglés é neste momento em Espanha o maior cliente da Piubelle, e em termos de têxteis-lar julgo que a Piubelle é também um dos grandes fornecedores daquela casa. Nós fazemos um trabalho conjunto, escolhemos com o nosso cliente várias colecções ao longo do ano, as quais eles compram sempre em grandes quantidades. Até abrimos desenhos exclusivos para eles. JT – Estamos a falar em que quantidade mais ou menos? VG – Depende da secção que é. O que nós vendemos mais para o Corte Inglés são os felpos, ou seja robes, tapetes e toalhas; estamos a incrementar cada vez mais o sector dos lençóis e também estamos a subir muito nas colchas, mas uma encomenda deles…, depende do que for, por exemplo, se for toalhas rondará as 5 mil peças, porque são toalhetes, toalhas, toalhões, lençóis, tapetes, etc… JT – Mas tudo junto, podemos falar em quê? VG – Cerca de 7 mil por encomenda no total. Para Portugal serão cerca de mil peças. Mas quem compra, quem continua a comprar são os espanhóis. A central de compras é na mesma em Madrid. JT – Mas a colocação em Lisboa é das mil e as outras 6 mil serão distribuídas pelo resto das casas? VG – Exacto. Seis ou sete mil. Vendemos muito bem para o Corte Inglés. Não somos nós que estamos a entrar devagarinho no Corte Inglés, o Corte Inglés é que está a entrar devagar, está a escolher ainda determinadas colecções e está a experimentá-las, por isso encomenda poucas peças para Lisboa e encomenda muitas para o resto das lojas. JT – E notou alguma diferença em relação ao Natal e aos saldos agora para a segunda estação, em termos de encomendas? VG – Não. Eles são muito regulares. Claro que nessa altura do Natal há sempre um reforço de encomendas. JT – Tiveram alguma alteração em termos de capacidade de produção? VG – Não, nada mesmo. JT – Por parte da Piubelle, quais são as expectativas e até que ponto é que estarão cumpridas com este ponto de venda? VG – Apesar de para Lisboa serem quantidades pequenas, nós temos vindo a aumentar. E temos falado com os directores do Corte Inglés aqui em Lisboa que nos dizem que a Piubelle é um dos fornecedores que melhor vende, e portanto é por isso também que eles têm reforçado, (embora em quantidades reduzidas) as encomendas e temos feito um trabalho mais contínuo. Eles têm introduzido tipo de 15 em 15 dias, uma referência nova… Como se sabe o mercado português é completamente diferente do espanhol, e nesse sentido tivemos que adaptar determinados detalhes mas, realmente esperamos evoluir num sentido positivo. JT – Será correcto dizer que esta é uma experiência como se fosse um ponto de venda, como se fosse uma loja sua? VG – Exactamente. Até porque há de facto muitos artigos da Piubelle a serem apresentados. JT – Está satisfeito com a apresentação que eles fazem lá do produto? VG – Sim, mas isso também é uma coisa que eles conversam muito connosco e que se vai alterar. Começámos com algum espaço e no início notámos que as coisas estavam assim um bocadinho desordenadas, portanto, as pessoas baralhavam-se um bocado, mas isso é uma coisa que nós temos ainda de conversar com eles. Aliás, o espaço da Piubelle vai aumentar, vamos passar a ter camas lá, o que se calhar não acontecerá com muitos outros fornecedores, porque uma vez que vendemos muito para lá, eles também querem expor a mercadoria que mais compram. De maneira que para já não estamos descontentes em termos de exposição e sei que as coisas vão ficar diferentes, há sempre inumeros aspectos a melhorar quando se iniciam adaptações a novas realidades e mercados. Estamos optimistas. Malhacila Saldo muito positivo Jornal Têxtil – Qual o balanço que fazem da vossa presença no El Corte Inglés? Aida Santos (Administradora) – Fizemos a experiência no Inverno do ano passado quando o El Corte Inglés abriu, onde a nossa colecção teve muito sucesso, venderam tudo (cerca de 3 mil peças – 15 mil contos). O saldo é muito positivo, tanto que fomos convidados para estar também num outro piso. Temos duas linhas, uma mais jovem e outra mais sóbria, e fomos convidados para ocupar um espaço no departamento mais jovem já no próximo Inverno. JT – Até que ponto conseguimos aferir sobre o sucesso duma marca, dado o El Corte Inglés ter aberto no Natal, seguindo-se depois os saldos… AS – Vendemos também a colecção de Verão, embora fosse muito pouco, mas mesmo em relação a esta já nos disseram que venderam tudo, ou seja, já não têm nada para saldos. Era muito pouco, porque era de Verão e eles tinham medo, foram cerca de 500 peças, que dará à volta de 2.500 contos. Muito menos do que o anterior porque é Verão, e malhas no Verão é mais complicado. <