Riopele lança Tenowa com cortiça

Um novo tecido, desenvolvido com base no Tenowa e com resíduos de cortiça, foi agora lançado no mercado pela Riopele. O artigo, que é um dos finalistas dos iTechStyle Awards, está direcionado para o sector da mobilidade, agregando múltiplas funcionalidades às suas credenciais sustentáveis.

José Alexandre Oliveira

O tecido tem por base o Tenowa (acrónimo de Textile No Waste) que, como explica Albertina Reis, diretora de I&D da Riopele, «quebra o sistema linear de produção», uma vez que «os tecidos são produzidos de desperdícios têxteis, não existindo necessidade de utilizar apenas matérias-primas virgens». Nesta versão, o tecido foi «desenvolvido no conceito de economia circular, com matéria-prima reciclada com origem em desperdícios, fios e tecidos da empresa, agregando resíduos de cortiça provenientes da produção de rolhas de cortiça, habitualmente incinerados, versando uma produção de têxteis diferenciadores, inovadores e sustentáveis», realça na notícia publicada no website da empresa.

[©Riopele]
O artigo está pensado para o sector da mobilidade, para o qual «a Riopele tem a exclusividade», indica João Amaral. «Este novo desenvolvimento apresenta características técnicas muito interessantes», já que, além de «uma maior resistência (à abrasão, à formação do borboto e ao desgaste), apresenta estabilidade dimensional durante o processo de lavagem e secagem e propriedades antibacterianas», enumera o gestor de design da área da mobilidade. Além disso, a cortiça é um recurso 100% natural e reciclável, sendo inerentemente sustentável, biodegradável e renovável.

Mobilidade com estilo

A área da mobilidade é uma das mais recentes apostas da empresa. «Estamos a diversificar o nosso negócio para o segmento de têxteis técnicos e a investir em áreas de negócio complementares, como a indústria automóvel e os segmentos profissional e militar», anunciou, em janeiro deste ano, José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele.

Segundo João Amaral, a empresa está a tentar introduzir «uma visão de moda no sector da mobilidade», estando a realizar visitas e a participar em reuniões «com os principais fabricantes mundiais do sector automóvel, aos quais apresentamos as nossas propostas para projetos conceptuais e produção de pequenas séries». O gestor de design da área da mobilidade defende que «o sector da mobilidade enfrenta um processo de profundas alterações», sendo expectável que «aumente a procura matérias-primas mais amigas do ambiente e de maior diferenciação».

Este artigo proposto agora pela Riopele foi mostrado na mais recente edição do Modtissimo, onde marcou presença no Fórum de Tecidos Técnicos e Inovadores do iTechStyle Showcase, tendo sido selecionado pelo júri como um dos finalistas para os iTechStyle Awards. Com uma composição de 62% poliéster reciclado, 26% lã, 9% algodão reciclado e 3% cortiça reciclada, o produto foi apresentado como aplicável em revestimentos e interiores de automóvel, mas também na construção, decoração, mobiliário e tecnomoda.

O lançamento enquadra-se ainda no objetivo da Riopele de, até 2025, ter 80% dos seus produtos enquadrados na categoria de sustentabilidade. No primeiro semestre deste ano, a empresa indicou que 76% dos produtos comercializados estavam já inseridos nesta categoria, com destaque para os tecidos com poliéster reciclado, tecidos da marca Tenowa e tecidos tingidos e acabados com menor consumo de água e energia.