Revolução na moda jovem – Parte 1

Os jovens consumidores do Reino Unido estão a ser severamente atingidos pela subida das propinas e pelo desemprego elevado; como resultado, o mercado da moda jovem está a mudar. Desde que a crise financeira começou em 2008, os hábitos de consumo despreocupados dos jovens entre os 15 e os 24 anos representaram uma alternativa para o crescimento de outro modo lento do mercado de moda no Reino Unido. Mas tudo isso mudou em 2013, com o triplo impacto do aumento das propinas universitárias, elevado desemprego jovem e uma mudança no sentido da poupança em vez do consumo. Esses fatores afetaram este segmento de consumidores, de acordo com o mais recente relatório de mercado da Mintel sobre o consumo de moda pelos jovens. «A maior mudança no mercado da moda em 2013 foi que os jovens já começaram a cortar», revela Tamara Sender analista de moda sénior na Mintel. De acordo com o relatório, «um em cada quatro [jovens] descreveu a sua situação como “apertada”, em comparação com um em cada seis no ano anterior». A Mintel estima que o mercado de vestuário e calçado dos jovens entre os 15 e os 24 anos de idade manteve-se estável em 2013, com um aumento de apenas 0,3% para os 14,4 mil milhões de libras esterlinas à medida que os jovens sentiram os orçamentos apertados pelo ambiente económico. Um inquérito a mais de 300 indivíduos entre os 16 e os 24 anos, realizado entre agosto de 2012 e agosto de 2013, revelou que apenas 35% estavam a gastar o seu rendimento disponível em joias, roupas e objetos pessoais, em comparação com uma proporção de 43% no ano anterior. A moda não foi a única vítima dos cortes, com os gastos a diminuírem em todas as áreas, desde a socialização à compra de doces e chocolates. O único aumento veio ao nível da colocação de dinheiro em contas de poupança, de emergência e dinheiro para eventuais dificuldades, registando esta proporção uma subida dos 35% para os 37% no mesmo período. Apesar do apertar do cinto, a moda ainda é uma parte vital do estilo de vida deste grupo etário e os retalhistas que responderam aos pequenos orçamentos dos clientes têm registado bons resultados. As três lojas mais populares para fazer compras nesta faixa etária são a Primark, Topshop/Topman e New Look. A Asos.com continua também a ser uma escolha privilgiada, especialmente por ter reagido aos cortes de gastos dos clientes. «Alguns retalhistas têm baixado os preços… A Asos baixou os preços da sua própria marca em 9% na moda feminina e a Primark tem continuado com um desempenho muito bom», refere Sender. Uma proporção de 57% dos jovens com idades entre os 18 e os 24 anos comprou algo na Primark entre setembro de 2012 e setembro de 2013, enquanto 39% da mesma faixa etária tinha comprado na Topshop/Topman e New Look. River Island e H&M foram quase tão populares, com 37% e 36%, respetivamente. Os números são ligeiramente diferentes para os jovens com idades entre os 15 e os 17 anos com marginalmente menos compras nas lojas mais baratas – Primark (55%) e New Look (36%) – e mais compras nas lojas mais caras – Topshop/Topman (44%). A faixa mais jovem do segmento de idade em análise foi mais protegida contra o clima económico difícil, porque a maioria deles ainda vive em casa dos pais. «Existe uma diferença bastante percetível entre os jovens de 15 a 17 anos e os de 18 a 24 anos em comportamentos e atitudes», afirma Sender. «Eles não sentem as mesmas pressões que os jovens entre os 18 e os 24 anos, porque ainda estão a viver com os seus pais e têm rendimento disponível», justifica. Na segunda parte deste artigo é analisado o impacto dos novos hábitos de compra dos jovens ao nível do comércio eletrónico.