A britânica Marks & Spencer (M&S) fez soar os alarmes com a divulgação dos seus resultados relativos ao ano fiscal que terminou a 31 de março. A queda nas vendas tanto no vestuário como na área de produtos para a casa foi de 1,4%. As receitas, numa base comparável, decresceram 1,9%. Estes resultados reforçam a aposta do grupo no negócio da área alimentar e mesmo a sua dependência em novas lojas de alimentação, revela Kate Ormrod, analista da GlobalData, ao portal just-style.com.
Os lucros líquidos da M&S desceram 74,8% para 29,1 milhões de libras (33,1 milhões de euros). Globalmente, a vendas da empresa subiram ligeiramente, em 0,7%, para 10,7 mil milhões de libras (11,6 mil milhões de euros). As receitas internacionais desceram 10,2%, com a retalhista a anunciar que planeia fechar mais de 100 lojas antes de 2022, ao mesmo tempo que reestrutura os seus ativos imóveis no Reino Unido, tendo em conta as metas a que se propôs para fazer pelo menos um terço das vendas online. A retalhista britânica tinha planeado inicialmente encerrar 60 espaços. Omrod reconhece que «o redimensionamento da rede é essencial para a M&S na era digital», admitindo ainda que o grupo pode arrepender-se de não ter reestruturado os seus espaços mais cedo.
Richard Lim, CEO da consultora Retail Economics, acredita que preocupações com capacidade em excesso são a razão principal para o encerramento de um quarto do espaço usado na venda de vestuário e produtos para a casa. «A retalhista tem demasiado espaço nesta era de consumo digital», afirma.
Por sua vez, Samantha Dover, analista da Mintel, considera que os encerramentos das lojas chamam a atenção para os verdadeiros problemas que afligem a M&S. «A empresa tem uma cobertura geográfica vasta e otimizar o número de lojas que opera faz sentido», assegura. «No centro dos problemas da M&S estão questões crescentes com a mercadoria e os planos de transformação que detalhou não devem ser suficientes para resolver estes assuntos», explica.
Clive Black, diretor de research da Shore Capital, concorda que a estratégia é importante, mas avisa que «a frustração para investidores de longo prazo tem sido precisamente o movimento de transição perpétua do grupo».
Para complicar ainda mais a vida da M&S, o grupo está perigosamente perto de perder o seu estatuto de retalhista número um do Reino Unido para a Primark, segundo Maureen Hinton, da GlobalData. A empresa está a perder quota há duas décadas.
O sector do vestuário é precisamente o que dá mais dores de cabeça à M&S, que quer aumentar a velocidade com que os produtos chegam às lojas e diminuir os custos. Além disso, foi reformulada a equipa responsável por reestruturar as operações nas áreas de vestuário e casa.