As vendas a retalho da Zona Europa caíram acentuadamente em Março, indicando que o aumento dos preços dos produtos alimentares e da energia estão a reduzir a procura dos agregados familiares e que a recuperação económica ainda é impulsionada sobretudo pela indústria. O gabinete de estatística da União Europeia, o Eurostat, indicou que as vendas a retalho nos 17 países que usam o Euro caíram 1%, em termos mensais, em Março, enquanto a quebra anual se situou nos 1,7%. Os economistas sondados pela Reuters esperavam um aumento mensal de 0,1% e vendas estagnadas em termos anuais. O declínio em termos anuais das vendas em Março, que é um bom indicador da procura das famílias, foi o maior desde Novembro de 2009, quando caiu 2,4% em termos anuais. «Mesmo tendo em conta o facto das vendas a retalho terem sido atiradas para baixo em Março devido à Páscoa tardia em 2011, a quebra é desapontante, tendo em conta a importância do consumo para as perspectivas de crescimento e o facto de que este tem sido fraco na recuperação da Zona Euro até agora», afirmou Howard Archer, economista na IHS Global Insight. «Para a Zona Euro ter um crescimento sustentado e decente em 2011 precisa que os consumidores se cheguem à frente. E preocupantemente, a confiança dos consumidores na Zona Euro caiu pelo segundo mês consecutivo em Abril, para o mínimo dos últimos nove meses», acrescentou Archer. Mas o Eurostat também reviu em alta os dados das vendas de Fevereiro para um crescimento de 0,3% em termos mensais em comparação com o declínio de 0,1%, e para um aumento de 1,3% em termos anuais em comparação com 0,1%. «As vendas a retalho estariam ligeiramente em baixa no trimestre mas as vendas a retalho são números voláteis e são muitas vezes revistos mais do que uma vez», ressalvou Carsten Brzeski, economista no banco ING. «A fraqueza no consumo privado não é uma surpresa se virmos que a inflação tem vindo a recuperar preços da energia e preços dos alimentos. Os consumidores são os primeiros a sentir isso», sublinhou Brzeski. O Eurostat afirmou que o maior declínio mensal nas vendas a retalho na Zona Euro registou-se em Portugal, onde estão a ser implementadas medidas de austeridade severas. O volume de vendas desceu 4,7% em comparação com Fevereiro. A segunda maior quebra em termos mensais, de 3%, foi na Eslovénia e a terceira maior, uma quebra de 2,1%, foi na maior economia da Zona Euro, a Alemanha.
