Arranca em Setembro em Famalicão, dá pelo de nome de Escola Tecnológica Têxtil (ETT) e surge como resposta à propalada falta de técnicos especializados com formação de natureza prática e industrialmente orientada, oferecendo cursos Técnicos de Nível III e cursos de Especialização Tecnológica de Nível IV. Nascido na Covilhã, sob a designação de ESTEBI, ao primeiro pólo desta escola vão juntar-se, ainda este ano e para além do de Famalicão, outros dois: um em Castelo Branco e outro na Guarda. Esta decisão de implantação alargada no território nacional surge na sequência dos bons resultados que a escola exibe como cartão de visita: os alunos formandos não chegam para as solicitações das empresas do sector. A Escola Tecnológica Têxtil vem satisfazer necessidades sentidas no meio empresarial e, ao mesmo tempo, concede uma alternativa para os jovens que concluem o 12º ano, sintetiza Braz Costa, director geral do CITEVE. A ETT é tutelada pela AFTEBI Associação para a Formação Tecnológica e Profissional da Beira Interior, instituição cuja presidência de direcção é actualmente assegurada pelo CITEVE, e resulta da associação de esforços de câmaras municipais, universidades, núcleos empresariais e associações empresariais, para além do CITEVE. A missão das escolas tecnológicas é fazer despertar nos jovens o interesse e o gosto por actividades de natureza técnica e tecnológica no sector industrial. A indústria têxtil portuguesa, nos tempos que correm, é um sector dinâmico, modernizado e muito exigente do ponto de vista técnico. Esta realidade não é suficientemente conhecida do grande público, mas é um facto inegável. O esforço de actualização técnica e tecnológica das empresas nacionais nos últimos anos foi enorme. Não poderia, aliás, ter sido de outra maneira, dada a iminente abertura dos mercados mundiais e o constante aumento de competitividade que se tem verificado internacionalmente. A indústria têxtil de hoje não pode funcionar sem especialistas em química, electrónica, informática, manutenção, só para dar alguns exemplos de áreas críticas. O problema consiste no facto do mercado de emprego não ter especialistas em número suficiente nestas e noutras áreas, para as quais as empresas são deficitárias, refere Braz Costa. O pólo de Vila Nova de Famalicão da Escola Tecnológica Têxtil entra em funcionamento no próximo mês de Setembro com os cursos de Técnico Têxtil e Técnico de Manutenção. O primeiro visa proporcionar aos formandos conhecimentos das tecnologias do processo têxtil, desde as matérias têxteis ao acabamento de tecidos; o de Técnico de Manutenção faculta conhecimentos técnicos na área de electromecânica que permitam a execução de qualquer função de manutenção industrial. Ambos estão estruturados em dois semestres lectivos num total de 1200 horas de formação teórica, prática e teórico-prática, estando ainda previsto um estágio de três meses numa empresa industrial. Contudo, os alunos podem optar por prosseguir os estudos inscrevendo-se no ano seguinte em Cursos de Especialização Tecnológica, qualificados no Nível IV. Neste caso não frequentam o estágio de três meses depois do primeiro ano, mas sim um estágio de seis meses ao fim do segundo ano. A todos os seus alunos, a Escola Tecnológica Têxtil oferece uma bolsa de estudo, bem como subsídio de refeição. Acresce que os estágios em empresas industriais são remunerados, o que, como sublinha o director geral do CITEVE, constitui também um aliciante para os jovens. Podem concorrer à matrícula alunos com o 12º ano completo, mas é oferecida a possibilidade de inscrição a alunos com duas disciplinas em atraso, desde que tenham obtido aproveitamento a pelo menos duas nucleares. A primeira fase de inscrições está actualmente em curso e vai até 6 de Agosto, estando prevista uma segunda fase que decorrerá entre 3 e 21 de Setembro. Na Covilhã já se encontram a funcionar os Cursos de Especialização Tecnológica de Design Têxtil e de Manutenção Industrial. A definição dos cursos respeita a lei da oferta e da procura, adaptando a formação às necessidades das empresas. A metodologia é muito simples, salienta Braz Costa, explicando que os cursos são definidos pelas regras do mercado: nós verificamos quais são as áreas em que há maior necessidade de técnicos especializados e criamos os cursos especializados à medida das empresas, garantindo ao mesmo tempo uma rápida inserção dos alunos no mercado do trabalho. A escola abrirá e fechará cursos de acordo com aquilo que fizer mais ou menos sentido para a indústria e que dê mais ou menos saídas profissionais para os jovens. A grande necessidade de técnicos com especialização tecnológica sentida actualmente nas empresas é um bom prenúncio para as saídas profissionais dos alunos. Braz Costa revela que a experiência que a Escola tem até este momento mostra que o número de jovens que conclui os seus estudos ainda é muito reduzido em face das solicitações que nos chegam das empresas. No pólo de Vila Nova de Famalicão a ETT vai funcionar sobretudo nas instalações do CITEVE. Porém, em função das disciplinas que vão ser leccionadas, e porque o curso tem uma componente prática muito elevada, algumas aulas serão leccionadas em ambiente industrial ou próximo do industrial e outras terão lugar na Universidade do Minho. O que se pretende, desta forma, é que as instalações para cada uma das disciplinas sejam adequadas ao grau de operacionalidade que nós pretendemos que os alunos tenham no fim do curso, elucida Braz Costa. O mesmo se poderá dizer no que respeita ao corpo docente. Na escola em Vila Nova de Famalicão ele é assegurado por professores da Universidade do Minho, técnicos do CITEVE e especialistas de empresas industriais.