Um fresco do estado actual da indústria portuguesa de têxteis-lar, traçado a pinceladas de factura larga com as respostas de sete empresas do sector a um guião de seis questões que lhe apresentámos: 1. Apresentação da empresa, sua história, tipo de gestão (familiar ou profissional), e alguns indicadores da sua situação económico-financeira 2. Como avalia a actual conjuntura nacional e internacional dos têxteis-lar? 3- Quais os principais concorrentes? 4. Como se defendeu da valorização do euro? 5. Sentiu efeitos da guerra no Iraque? 6. Como vê os desafios para depois de 2005 e quais os planos para os enfrentar? Daqua Está mau 1. A empresa foi iniciada pelo meu sócio, Francisco Durães há cerca de 10 anos atrás, mas em Setembro de 1999 quando nos associamos, levou uma profunda reformulação, pelo que se pode considerar que foi aí que se deu o inicio ao projecto que hoje existe. No ano passado facturámos 900 mil euros, com cinco trabalhadores. A Espanha absorve um quarto das nossas exportações. Vendemos com duas marcas próprias: Cottonwool e Daqua. 2. Como todos sabemos, é má! 3. Para além de outros colegas portugueses, são principalmente os espanhóis e, em alguns produtos, os Italianos 4. De momento não trabalhamos com o mercado Americano. 5. Sim, foi a partir daí que a crise mais se fez notar 6. Criar uma rede de vendas ao retalho em Espanha, o que tem vindo a ser difícil, e alargar a outros países. Com a recessão que actualmente se vive, temos tido bastante cuidado com as colecções no sentido delas serem o mais comerciais possível. No entanto, continuamos com desenvolvimento de produtos e desenho inovador, em qualidades superiores e de preferência a preço acessível, ou seja, queremos ser melhores que os Italianos com um preço Português. Em resumo continuar a inovar e a melhorar o produto e métodos de trabalho. Conformismo nunca, ate porque é igual a aborrecimento, e nós, acima de tudo, gostamos e divertimo-nos com o que fazemos. Lameirinho Não pode faltar 1. Fundada em 1948, a Lameirinho é uma empresa de cariz familiar. É uma unidade produtiva vertical, cuja actividade principal é a produção de roupa de cama, que exporta em média cerca de 87% da sua produção. Também fornece os mercados institucionais como hotelaria, restauração e hospitais. Com 1050 funcionários e um volume de negócios de 81.796.590, a Lameirinho tem como principais mercados os EUA, o Reino Unido, a França, Espanha, Grécia, entre outros. Produzimos sobretudo para private label, mas também já apresentamos produção com marca própria. 2. A actual conjuntura de desafio pode estimular várias mudanças no sector. 3. China, Índia, Paquistão e algumas empresas portuguesas. 4. Não refere 5. Não se sentiram efeitos mensuráveis. 6. Os desafios são vistos de forma racional e devidamente ponderada. As estratégias para enfrentar este desafio passam pela aposta no Design, na constante inovação dos produtos e serviços, numa comercial agressiva e atenta, numa constante formação dos nossos colaboradores e por uma atitude de flexibilidade e abertura ao exterior. JRF Kreme Internacional 1. A João Rodrigues e Filhos Lda, com oito décadas de existência, produz artigos têxteis para o lar e para hotelaria, tentando sempre aliar a sua já longa experiência com a versatilidade das propostas e com a flexibilidade produtiva. Os produtos principais são almofadas, atoalhados, cobertores, colchas e cobertas, édredons, fronhas, lençóis, mantas de viagem, roupões de banho e conjuntos de casa de banho, tapetes de banho e toalhas de mesa. Apresentou em 2002 um volume de negócios de três milhões de euros, e tem actualmente 35 funcionários. Cerca de 90% da produção da JRF é para exportação e os mercados preferenciais são países europeus como a França, Inglaterra e Espanha, México e EUA. A empresa soube conquistar o seu próprio espaço nos exigentes mercados internacionais. Há cerca de um ano foi lançada a marca Kreme, criada com base numa estratégia de venda não só para o mercado interno, mas também para o mercado internacional. Todo o conceito de marca é desenvolvido por nós e pretende distinguir-se pela qualidade e design. Pretende ser moda, moda para o lar. As vendas da marca representam cerca de 10% do volume de vendas total e já começamos a apostar no mercado espanhol. A marca é vendida ao retalho, mas já abrimos uma loja em Braga, que funcionará como projecto piloto que nos permita avançar cuidadosamente para a criação duma rede de lojas. Além da marca Kreme, cerca de 70% dos nossos clientes compram-nos produtos de desenvolvimento próprio, o que representa uma importante mais valia. 2. A situação é complicada, verificando-se uma crise de confiança dos investidores e dos consumidores, mas as empresas têm de reagir e assumir uma atitude proactiva. Ao nível internacional, contrariamente ao que acontece no mercado interno, onde o made in portugal não representa qualquer mais valia para o consumidor, os têxteis para o lar nacionais têm um inegável prestígio e reconhecimento, vantagens que não podemos descurar. 3. Os nossos principais concorrentes são a Turquia, para os produtos básicos, a Índia para os jacquards e a China para todos os produtos. Estes países colocam ameaças cada vez mais sérias, porque além da matérias-primas a baixo custo de produção, têm vindo a elevar os seus níveis de qualidade. 4. Os EUA representam cerca de 30 a 35% da exportação e sentimos os efeitos negativos da valorização. Mas como sempre apostámos na diversificação dos nossos mercados, mercados estes onde o euro tem já uma forte posição, apenas tememos uma concorrência mais acentuada por parte das empresas que só agora começam a procurar mercados alternativos. 5. A guerra no Iraque não nos afectou directamente mas afectou a economia a nível mundial, essencialmente devido ao longo período de indecisão relativamente ao timing de início da guerra. 6. As alterações que vão ocorrer em 2005 podem ser vistas como uma ameaça ou uma oportunidade. Nós preferimos ver como uma oportunidade e pensar nos novos mercados que se vão abrir. As empresas têm que reagir, modificar as suas estratégias e concentrarem-se em produtos de maior valor acrescentado. Assim, criámos a marca Kreme, que nos permite potenciar o nosso crescimento. Em termos estratégicos vamos continuar a procurar novos mercados, nomeadamente na América do sul e em particular no Brasil, que nos parece ter elevado potencial. Por isso estamos a participar no projecto Portugal Trade Show. Também vamos continuar a evoluir tecnologicamente ao nível dos equipamentos, processos e sistemas, apostando fortemente na área da qualidade. No entanto, queremos ressalvar que a tecnologia mais antiga não foi completamente abandonada, para poder-mos responder a solicitações muito específicas. Em 2004 pretendemos já ter uma nova unidade produtiva operacional, de forma a aumentar a nossa capacidade instalada e poder apostar ainda mais na qualidade dos produtos e serviços. Coelima A imaginação como limite 1. A Coelima, no limiar do seu primeiro século de existência, é presentemente uma sociedade anónima dirigida por um grupo de gestores. Com um efectivo de 1000 pessoas, a empresa movimentou em 2002 um volume de negócios na ordem dos 75 milhões de euros. Produzindo primeiramente roupa de cama, estamos hoje a alargar o nosso leque de actividades a outros produtos, como por exemplo, para mesa. No caso específico da Casa Alegre, desenvolvemos inclusive um conceito global. Por exemplo, va