Resíduos de algodão melhoram cultura da fibra

O Hong Kong Research Institute of Textiles and Apparel está a testar a utilização de um polímero superabsorvente, obtido a partir da celulose de resíduos têxteis de algodão, para melhorar o cultivo de fibras e criar um processo de agricultura regenerativa.

[©H&M Foundation]

Os benefícios para a indústria têxtil e vestuário deste projeto piloto serão a estabilização da produção de algodão, a promoção da reciclagem têxtil e o desenvolvimento de uma alternativa amiga do ambiente aos polímeros superabsorventes fabricados com petroquímicos.

Edwin Keh, CEO do Hong Kong Research Institute of Textiles and Apparel (HKRITA), afirma que a instituição está entusiasmada com o potencial desta investigação. «Temos estado a trabalhar em diferentes tecnologias de reciclagem há alguns anos. Um desses resultados é o Green Machine, que é o nosso sistema hidrotérmico para separar e reutilizar misturas de materiais. A celulose proveniente deste sistema foi recuperada e transformada em diferentes materiais. Um deles é um polímero superabsorvente, a que chamamos Absorboost. Este material absorve até 30 vezes o seu peso em líquido, liberta-o lentamente e repete o processo. Pensamos que pode ajudar a reduzir a utilização de água na agricultura e ajudar a cultivar plantas mais saudáveis», adianta ao Just Style.

Desenvolvido pelo HKRITA e a Fundação H&M, o Green Machine é um método hidrotérmico que usa apenas calor, água, pressão e químicos biodegradáveis para reciclar têxteis com mistura de fibras. É eficiente em termos de custos e tempo e não gera poluição secundária, uma vez que é um sistema em ciclo fechado em que a água, o calor e os químicos são usados repetidamente.

Terceira geração mais ambiciosa

A equipa do HKRITA está agora a fazer experiências para perceber como é que o material se comporta no terreno. Os testes estão a ser realizados em Karnataka, na Índia, e o resultado deste estudo piloto pode, segundo os investigadores, beneficiar também os agricultores locais, permitindo uma produção mais estável de algodão.

[©H&M Foundation]
O CEO do HKRITA revela que colaboraram anteriormente com a Shahi Exports, que usa uma quantidade significativa de algodão e trabalhava diretamente com descaroçadores, e que a produtora de vestuário acabou por se apresentar como a parceira certa para este projeto.

«Enviamos-lhes algum material e pedimos para fazerem um pequeno teste de cultivo com o Absorboost para ver como é que funcionava ou se sequer funcionava. Ficamos todos surpreendidos com a performance e, por isso, as nossas experiências de cultivo tornaram-se cada vez maiores. A Shahi está interessada em trabalhar diretamente com os agricultores para melhorar os seus rendimentos através deste material», explica Edwin Keh.

O HKRITA encontra-se atualmente a trabalhar com a segunda geração de Absorboost com micronutrientes para ver se consegue um processo de cultivo sem recurso a fertilizantes. A terceira geração de experiências deverá ser implementada em breve para adicionar nutrientes não só no algodão, mas de volta no solo. «Esperamos torná-lo num verdadeiro processo de agricultura regenerativa», afirma o CEO.