O projeto de comparticipar as reparações tinha já sido anunciado em setembro do ano passado pelo governo francês, mas só no passado dia 11 de julho, após um período de consulta pública, a Secretária de Estado para a Transição Ecológica, Bérangère Couillard, revelou o funcionamento do programa.
«A partir de outubro, os consumidores poderão ser apoiados na reparação das suas roupas e calçado», explicou Bérangère Couillard durante a visita à La Caserne, um centro de moda responsável em Paris.
O bónus poderá ser usado em 500 pontos de reparação de vestuário e calçado aprovados pelo Estado, cuja avaliação será feita pela organização Refashion, com um valor entre 6 e 25 euros a ser deduzido diretamente na fatura que o consumidor terá de pagar. A Secretária de Estado para a Transição Ecológica convidou «todas as lojas de costura e sapateiros a juntarem-se ao programa».
A reparação dos saltos dos sapatos terá um bónus de 7 euros e as reparações de vestuário terão valores entre 10 e 25 euros, refere a AFP.
Em França, de acordo com a Refashion, foram colocados no mercado 3,3 mil milhões de peças de vestuário, calçado e têxteis-lar. E anualmente são descartadas 700 mil toneladas de peças de vestuário. «O objetivo é apoiar aqueles que fazem reparações», sublinhou Bérangère Couillard.
Segundo destacou a rádio Europe 1, o bónus será financiado pelas empresas da indústria têxtil e vestuário através da contribuição para um “fundo de reparação”, que terá uma dotação orçamental superior a 150 milhões de euros para o período entre 2023 e 2028.
Esta medida está enquadrada na legislação de responsabilidade alargada do produtor nos têxteis, que inclui vestuário, calçado e têxteis-lar, que em França foi criada em 2009.
Segundo a informação fornecida pelo governo francês, este mecanismo permite receber um determinado valor por parte de quem coloca produtos no mercado, que é depois redistribuído para financiar operações de gestão de resíduos. Em 2021, as contribuições terão atingido 30,4 milhões de euros, equivalente a um valor médio por artigo têxtil de 0,01 euros.
Para os seis anos entre 2023 e 2028, o objetivo é que os produtos mais amigos do ambiente, concebidos para serem mais duradouros e produzidos com matérias-primas recicladas, possam ser beneficiados. O país pretende ainda aumentar a recolha de têxteis – apenas 35% dos têxteis descartados são recolhidos – e criar uma fileira de reciclagem para os têxteis que não podem ser reparados.