No entanto, segundo os resultados desta pesquisa – realizada junto de 400 empresas em seis países europeus (ItÁlia, França, Alemanha, Polónia, República Checa e Espanha) entre 2000 e 2006 –, 45% dos inquiridos afirmam ter conseguido estabelecer uma relação cordial» de parceria com, no mínimo, um grande player da distribuição. Para explicar a evolução das relações entre a indústria têxtil e de vestuÁrio (ITV) e a distribuição, deve-se, segundo os autores deste estudo, levar em conta aquilo que designam por revolução distributiva». Com efeito, observa-se uma forte concentração no sector, particularmente em países como a França, onde os 10 principais players da distribuição controlam 40% do mercado de vestuÁrio. A distribuição alterou também o seu formato, maior, mais moderno e agradÁvel, ao mesmo tempo que apostou na internacionalização. Por exemplo, o Carrefour estÁ hoje presente em 31 países, contra somente 15 em 2000, e a Zara alargou o seu mercado de 21 para 62 nações diferentes. Sem esquecer a internacionalização da rede de fornecedores nem o lançamento de marcas de vestuÁrio, nomeadamente nos hipermercados, o que permite acrescentar valor e controlar a totalidade da fileira, desde a criação ao ponto de venda. Durante este mesmo período, constatou-se uma redução das despesas de vestuÁrio em favor de outros sectores, uma clara diminuição dos preços, oscilando entre 3 e 5% em certos mercados, particularmente os anglo-saxónicos e do norte da Europa, assim como uma forte concentração no sector da distribuição. De acordo com Stefania Saviolo, uma das autoras desta pesquisa, estas numerosas mudanças alteraram totalmente os dados. A grande distribuição estÁ, actualmente, em posição de força no mercado, tanto perante os fornecedores como os consumidores. Além disso, tem exigências bastante precisas. O preço, acima de tudo, é realmente uma procura obsessiva», sublinha Saviolo. Mas também a eficÁcia: São habitualmente players cotados em bolsa, que apresentam consequentemente imperativos financeiros», aos quais podem responder os players que oferecem um produto “chave na mão”, como é o caso do grupo Li & Fung, por exemplo. Face a estas exigências, a ITV europeia, particularmente as PME’s, é frequentemente encostada à parede. E o rol de “abusos” é longao. As empresas queixam-se, assim, da imposição de comissões fixas de entrada para integrar a lista de fornecedores, de prazos de entrega difíceis de cumprir, de multas sobre pretextos falsos, atrasos no pagamento sem qualquer compensação, da interrupção brutal das relações sem pré-aviso, sem falar da cópia de artigos apresentados em amostras, que serão depois produzidos na Ásia. Aparentemente, estas prÁticas, consideradas como discriminatórias pelas empresas, variam consoante o tipo de distribuidor – grande superfície ou cadeia especializada. Aparentemente, os hipermercados são os que apresentam o comportamento mais grave», afirma Davide Ravasi, professor na Universidade Bocconi. Com frequência, o produtor é alvo destes abusos e não empreende qualquer acção legal contra, mesmo nos países com uma legislação rigorosa em termos de relações comerciais. Os instrumentos existem, mas não são utilizados», constata Andrea Cicala, jurista na Baker & McKenzie. Qualquer que seja a prÁtica do distribuidor, o produtor tem sempre a esperança de continuar a desenvolver esta relação». Para Cicala, dever-se-ia confiar a vigilância das relações entre produtores e distribuidores às instituições públicas, que seriam responsÁveis pela resolução de conflitos e, em última instância, de mover as acções necessÁrias na justiça. Embora as relações sejam frequentemente difíceis, podem também ser enriquecedoras, como mostra a experiência da empresa italiana de tecelagem Contonificio Albini, que fala de relações de parceria cordial e construtiva» com o grupo Inditex e a Marks & Spencer. Oferecemos-lhe o produto, a eficÁcia e a flexibilidade», explica Silvio Albini. Por seu lado, eles ensinaram-nos a noção de qualidade e de serviço, obrigando-nos a repensar todo o nosso sistema de logística. A Marks & Spencer, inclusive, ajudou-nos a implementar o nosso laboratório de qualidade».