Reindustrialização no Hexágono

A França registou recordes em termos de criação de fábricas, postos de trabalho e relocalização da produção em 2021, segundo a empresa especialista em dados económicos Trendeo, que, no entanto, deteta sinais preocupantes neste processo de reindustrialização para o corrente ano.

[©Salomon]

«Ainda é cedo para falar em reindustrialização, mas em 2021 assistimos a uma recuperação», afirma, à AFP, o fundador da Trendeo, David Cousquer, que teme «uma desaceleração» em 2022. Após um período de melhoria (2013-2017) seguido por uma deterioração (2018-2020), a criação de fábricas aumentou significativamente em França no ano passado, com um saldo positivo de 120 novas fábricas (176 aberturas e 56 encerramentos), indica a empresa de dados económicos de emprego e investimento no Hexágono, como é também conhecido o país, no seu relatório de 2021, intitulado como «um ano recorde» em termos de reindustrialização.

«Em 2012 e 2017, outros dois anos eleitorais, constatámos que notícias más como o fecho de fábricas, por exemplo, foram adiadas para depois da eleição presidencial», explica David Cousquer, que alerta também para o aparecimento de «sinais preocupantes» no desenvolvimento da atividade industrial, nomeadamente riscos de aumento das taxas de juros, inflação e ruturas no abastecimento.

No ano passado, a relocalização de empresas, isto é, o repatriamento de produção que as empresas francesas faziam, ou subcontratavam, no estrangeiro, «aumentou acentuadamente» de 30, em 2020, para 87, «mas a intensidade diminui em 2022», aponta a Trendeo.

[©LVMH]
Com 32.155 empregos líquidos criados em 2021, a produção industrial está quase tão bem quanto o digital (33.535 empregos líquidos) e supera os restantes 10 setores analisados pela especialista em dados económicos, incluindo serviços (28.159 empregos líquidos), logística (14.593 empregos líquidos), comércio (4.350 empregos líquidos), energia e tratamento de resíduos (2.467 empregos líquidos).

Na indústria, o sector que gerou mais empregos no ano transato foi o de couro e calçado. Cerca de 5.513 postos de trabalho foram criados neste setor, após investimentos feitos não só por grandes grupos como o LVMH, mas também por grupos de marroquinaria mais pequenos, que trabalham como subcontratados para grandes marcas de luxo, como por exemplo Arco in the Vienne, Rioland ou ainda Tolomei.