A cooperação entre empresas é um assunto que tem merecido especial atenção por parte dos principais programas de política industrial, desde o PEDIP até ao PEDIP II.
O próprio POE Programa Operacional de Economia, a ser desenvolvido no âmbito do 3º Quadro Comunitário de Apoio, continua a apresentar a cooperação como uma opção estratégica para o aumento da competitividade das empresas.
É importante perceber se esta preocupação dos poderes públicos merece igual atenção pelo sector privado empresas e empresários e se as estruturas e meios financeiros disponibilizados têm sido procurados e utilizados.
A avaliação que se pode fazer no momento, relativamente à utilização dos recursos disponíveis, não é a mais positiva. Apesar do grande interesse do sector privado neste assunto, a verdade é que tem sido difícil concretizar essa vontade em projectos e negócios reais. As dificuldades detectadas na concretização de projectos de cooperação são várias e diferem, principalmente em função da dimensão das empresas. As grandes empresas nacionais têm encarado a cooperação como uma estratégia possível, mas só depois de terem esgotado as hipóteses das estratégias alternativas, tais como, o desenvolvimento interno, a aquisição de empresa externa, a compra de serviços e outsourcing, e, finalmente, a subcontratação. As opções estratégicas das maiores empresas apontam sempre no sentido de não perder autonomia e poder, se possível aumentá-lo, deixando cair para segundo plano questões relacionadas com a eficiência e eficácia. Esta opção está ultrapassada nos dias de hoje como comprovam as muitas alianças estratégicas (assumindo partilha de poderes) apresentadas diariamente entre as maiores multinacionais dos diversos ramos de actividade. Frequentemente, tem, também, um preço elevado a pagar no caso de sobredimensionamento de estruturas quando não são suficientemente rentabilizadas pelas actividades internas.
O problema nestes casos é, portanto, de cultura empresarial e não tanto de racionalidade económica.
No caso das PMEs, terreno propício pelas suas características ao aparecimento de casos de cooperação, as maiores dificuldades têm surgido ao nível da capacidade para arrancar e gerir os projectos. Esta situação resulta da habitual falta de tempo dos gerentes, falta de quadros com a formação necessária, falta de recursos, dificuldade em encontrar parceiros adequados e, por vezes, indisponibilidade das empresas para assumirem compromissos de longo prazo.
Tem sido, portanto, para além das limitações características das PMEs, a falta de agentes (internos ou externos à possível rede de cooperação) multiplicadores e facilitadores, com formação e conhecimentos adequados, a principal razão para o reduzido grau de sucesso da cooperação entre estas empresas.
É sobre estas barreiras e limitações que o projecto REDE TÊXTIL, apresentado recentemente pelo CENESTAP, vai actuar, integrando numa grande acção de estudo sobre esta problemática, um conjunto de iniciativas que visam apoiar e alertar as empresas da indústria têxtil e do vestuário para o potencial da cooperação.
Participe! Muitas empresas já aderiram a este projecto.
Manuel Teixeira