Reciclagem de PET à escala industrial em Espanha

A gr3n SA e a Intecsa Industrial pretendem produzir, anualmente, cerca de 40 mil toneladas de PET reciclado a partir de resíduos têxteis e outros produtos numa unidade a construir em Espanha que vai escalar a tecnologia de despolimerização assistida por microondas.

Maurizio Crippa [©gr3n]

A gr3n assinou um memorando de entendimento com a Intecsa Industrial para criar uma joint-venture para o efeito. A construção da unidade em Espanha deverá começar no quarto trimestre de 2024, devendo estar operacional até 2027.

«É um passo enorme para a gr3n, já que nos vai permitir crescer ainda mais, mostrando que uma melhor reciclagem é algo tangível e que é possível trazer a nossa despolimerização assistida por microondas para o mercado», considera Maurizio Crippa, fundador e CEO da gr3n.

[©gr3n]
A unidade de reciclagem terá a capacidade de processar PET (tereftalato de polietileno) pós-industrial e pós-consumo, incluindo produtos difíceis de reciclar, podendo produzir cerca de 40 mil toneladas de chips de PET virgem a partir de monómeros reciclados, poupando cerca de 2 milhões de toneladas de CO2 durante a operação.

O PET a reciclar poderá ser proveniente de garrafas (com ou sem cor, transparentes ou opacas) e têxteis 100% poliéster, mas também em mistura com outros materiais, como poliuretano ou algodão.

A tecnologia MADE (acrónimo de despolimerização assistida por microondas) quebra o PET em monómeros, que podem potencialmente ser reciclados eternamente para criar PET virgem ou outro polímero, que pode ser aplicado na produção de têxteis, garrafas ou tabuleiros, por exemplo.

O processo tem o potencial, sublinha a gr3n, de mudar a forma como o PET é reciclado em todo o mundo, com enormes benefícios para a indústria de reciclagem e para toda a cadeia de valor do poliéster.

«A gr3n tem o potencial de mudar a indústria da reciclagem, já que a tecnologia nos permite responder a coisas que outras tecnologias não conseguem», salienta Ramiro Prieto, diretor comercial e de novas unidades de negócio na Intecsa Industrial. «Isto significa expandir a matéria-prima que pode ser reciclada e assim acelerar a transição para a economia circular. Enquanto parceiros industriais e acionistas, fazemos parte da administração, mas também tivemos a oportunidade de fazer a engenharia básica da unidade industrial, pelo que estamos bem familiarizados com a tecnologia, que acreditamos firmemente estar pronta para ser escalada», acrescenta.