Rastreabilidade chega ao cânhamo

A Panda Biotech, empresa de produção de cânhamo industrial, e a especialista em rastreabilidade Oritain estão a desenvolver o que afirmam ser a primeira fibra de cânhamo completamente rastreável do mundo. O sistema usado permite garantir a sustentabilidade da fibra, usando técnicas forenses para verificar a sua origem.

[©Flickr/UK College of Agriculture, Food & Environment]

Sob o memorando de acordo firmado entre as duas empresas, a Panda Biotech vai processar fibra têxtil de cânhamo premium para produtos industriais e de consumo na sua primeira unidade industrial na cidade americana de Wichita Falls, que deverá estar operacional em meados de 2022. A autenticidade será assegurada pelo sistema de rastreabilidade da Oritain, conseguida através de ciência forense, sem necessitar de códigos de barras, embalagens ou outros sistemas de rastreabilidade.

«Empresas como a Panda Biotech estão a trabalhar muito para entregar alternativas ecológicas viáveis à indústria têxtil e estamos muito orgulhosos de não só ajudar a proteger o seu trabalho, mas a destacá-lo com verdade científica e integridade», afirma o CEO da Oritain, Grant Cochrane. «Juntos, podemos construir uma indústria têxtil de cânhamo rastreável e transparente», acredita.

Texas Plains Hemp Gin [©Panda Biotech]
«Estamos entusiasmados pelos nossos parceiros de marcas mundiais poderem ter absoluta confiança de que é cânhamo industrial cultivado e processado nos EUA quando comercializam os seus produtos», refere, por seu lado, Dixie Carter, presidente da Panda Biotech.

Uma fibra em crescimento

Ambas as empresas reconhecem que há um crescente foco no impacto ambiental e social da indústria da moda e que as matérias-primas naturais podem ajudar a responder a alguns dos problemas que o sector enfrenta. O cânhamo é um material versátil que consome menos energia que outras culturas e é completamente biodegradável, apontam. Contudo, os benefícios podem ser minados pelo cultivo ilegal da fibra, pelo que a solução da Oritain de rastreabilidade permite uma maior confiança para todos os envolvidos, indicam.

A Panda Biotech alega ser líder mundial no processamento de cânhamo, tendo desenvolvido 22 projetos que representam aproximadamente um investimento de 12 mil milhões de dólares (cerca de 10,1 mil milhões de euros). A nova unidade, batizada Texas Plains Hemp Gin, será a primeira unidade nos EUA capaz de tratar a fibra de cânhamo à escala comercial para a indústria têxtil e vestuário e a única instalação no mundo, com exceção da China, dedicada tanto ao processamento como ao tratamento de remoção da lenhina que une as fibras de cânhamo e impede que sejam fiadas nos mesmos equipamentos usados para o algodão e a lã, permitindo, assim, que as fibras de cânhamo sejam misturadas com outras fibras para a produção de tecidos ou malhas. Terá uma capacidade anual de 15 toneladas de fibra de cânhamo.

[©Panda Biotech]
O cânhamo, pelas suas credenciais ecológicas, tem sido adotado em diferentes indústrias, prevendo-se que, até 2025, atinja um valor de mercado de 26,6 mil milhões de dólares. A fibra é já usada na indústria têxtil e vestuário e tem atraído novos interessados, nomeadamente a Kontoor Brands, detentora das marcas Wrangler e Lee, que tem uma parceria com a Panda Biotech.