Quem é a nova CEO da Chanel?

Proveniente da indústria de bens de consumo, enquanto diretora de recursos humanos Leena Nair revolucionou a Unilever ao nível dos salários e da paridade de género. Agora tem como missão liderar a Chanel, numa altura de transição, em que a indústria de moda procura ser mais inclusiva.

Leena Nair [©Leena Nair Facebook]

«O capital humano é tão importante quanto o capital financeiro» é uma das declarações feitas por Leena Nair numa entrevista à Time em maio deste ano. A agora CEO da Chanel esteve 25 anos na Unilever, primeiro como estagiária de gestão na Hindustan Unilever, uma posição onde teve inúmeras funções – foi inclusivamente a primeira mulher a trabalhar no chão de fábrica. No ano passado, numa altura em que encabeçava os recursos humanos da empresa, a Unilever anunciou ter atingido a paridade de género na sua administração em termos mundiais. «Colocar os recursos humanos no topo das prioridades traz benefícios reais para o negócio», sublinhou na mesma entrevista.

[©Leena Nair Facebook]
É esta mulher, nascida na Índia há 52 anos e criada numa pequena cidade com «muitas normas, tabus e barreiras à minha volta sobre o que as raparigas podem e não podem fazer», como contou, que vai agora liderar a Chanel, sendo uma das poucas outsiders a entrar no reino da casa de moda conhecida por fatos de tweed, malas acolchoadas e o perfume N.º 5.

Leena Nair sucede à americana Maureen Chiquet, que foi CEO da Chanel durante nove anos, até ao início de 2016, um cargo que, entretanto, foi assumido interinamente por Alain Wertheimer, o bilionário francês que detém a Chanel juntamente com o irmão Gerard. Alain Wertheimer será agora presidente-executivo mundial.

A nova CEO, que na Unilever supervisionava 150 mil pessoas, ficará sediada em Londres e irá assumir as suas funções em janeiro. Para a Chanel, a nomeação de Leena Nair assegura «o sucesso a longo prazo como empresa privada».

A Chanel tem defendido acerrimamente a sua independência e só começou a publicar os resultados financeiros em 2018. Em julho revelou que este ano espera aumentar as vendas a uma taxa de dois dígitos em comparação com 2019, o ano pré-pandémico em que vendeu 12,3 mil milhões de dólares (cerca de 10,92 mil milhões de euros).

[©Chanel]
Fundada em 1910 pela lenda da moda Gabrielle “Coco” Chanel como uma loja de chapéus na rua Cambon em Paris, a Chanel tornou-se sinónimo da elegância parisiense. A contratação de Leena Nair surge numa altura em que a indústria da moda está sob pressão para mostrar uma abordagem mais inclusiva.

Segundo Luca Solca, a Chanel está a seguir a tendência de atrair executivos de topo da indústria de bens de consumo embalados. «A Unilever e a P&G destacam-se como reservatórios de gestores para a indústria relativamente jovem de bens de luxo», afirma o analista da indústria de bens de luxo na Bernstein, citado pela Reuters. Antonio Belloni, ex-presidente da Procter & Gamble na Europa e atual diretor-geral do LVMH, e Fabrizio Freda, veterano da P&G presentemente na liderança da Estée Lauder, são dois exemplos desta tendência, aponta Luca Solca.