«O capital humano é tão importante quanto o capital financeiro» é uma das declarações feitas por Leena Nair numa entrevista à Time em maio deste ano. A agora CEO da Chanel esteve 25 anos na Unilever, primeiro como estagiária de gestão na Hindustan Unilever, uma posição onde teve inúmeras funções – foi inclusivamente a primeira mulher a trabalhar no chão de fábrica. No ano passado, numa altura em que encabeçava os recursos humanos da empresa, a Unilever anunciou ter atingido a paridade de género na sua administração em termos mundiais. «Colocar os recursos humanos no topo das prioridades traz benefícios reais para o negócio», sublinhou na mesma entrevista.
Leena Nair sucede à americana Maureen Chiquet, que foi CEO da Chanel durante nove anos, até ao início de 2016, um cargo que, entretanto, foi assumido interinamente por Alain Wertheimer, o bilionário francês que detém a Chanel juntamente com o irmão Gerard. Alain Wertheimer será agora presidente-executivo mundial.
A nova CEO, que na Unilever supervisionava 150 mil pessoas, ficará sediada em Londres e irá assumir as suas funções em janeiro. Para a Chanel, a nomeação de Leena Nair assegura «o sucesso a longo prazo como empresa privada».
A Chanel tem defendido acerrimamente a sua independência e só começou a publicar os resultados financeiros em 2018. Em julho revelou que este ano espera aumentar as vendas a uma taxa de dois dígitos em comparação com 2019, o ano pré-pandémico em que vendeu 12,3 mil milhões de dólares (cerca de 10,92 mil milhões de euros).
Segundo Luca Solca, a Chanel está a seguir a tendência de atrair executivos de topo da indústria de bens de consumo embalados. «A Unilever e a P&G destacam-se como reservatórios de gestores para a indústria relativamente jovem de bens de luxo», afirma o analista da indústria de bens de luxo na Bernstein, citado pela Reuters. Antonio Belloni, ex-presidente da Procter & Gamble na Europa e atual diretor-geral do LVMH, e Fabrizio Freda, veterano da P&G presentemente na liderança da Estée Lauder, são dois exemplos desta tendência, aponta Luca Solca.