Quanto mais quente melhor

Numerosas inovações em tecidos e vestuário para vestuário de desempenho assim como as últimas novidades em películas microporosas foram apresentadas na conferência Survival deste ano, que decorreu na Universidade de Leeds no Reino Unido, e que já granjeou uma reputação como conferência líder no domínio do vestuário de desempenho e protecção.

«O isolamento térmico é proporcional à espessura do tecido, com o ar aprisionado a actuar como isolador térmico», declarou Neil Saville, da Saville Associates, pioneira no desenvolvimento de uma forma de tecido de geometria variável que poderá revolucionar o isolamento térmico em tecidos e vestuário. Pregas ou dobras internas são introduzidas durante a fabricação do tecido, e a sua espessura é alterada através da variação da estrutura pregueada.

Nos tecidos finos, as pregas internas são colocadas de forma horizontal e a estrutura no vestuário é mantida no lugar por meio de molas ou velcro. Desprendendo estes últimos, e puxando as extremidades do tecido, as pregas internas elevam-se para a posição vertical, formando uma estrutura celular interna e aumentando grandemente a espessura do tecido e o volume de ar aprisionado.

Construções de tecidos com camadas celulares duplas ou múltiplas podem ser produzidos com as pregas formadas em direcções idênticas ou opostas dentro das várias camadas. O desenvolvimento do número apropriado de camadas é utilizado para aumentar o valor do isolamento térmico, proporcionando uma protecção térmica adaptada ao meio ambiente. No vestuário, os painéis desta inovadora geometria podem ser usados para proporcionar um isolamento térmico selectivo a diferentes partes do corpo.

O grupo de investigação de não-tecidos do Centro dos Têxteis Técnicos da Universidade de Leeds desenvolveu uma tecnologiaspunlaced tridimensional denominada Hydrospace. Stephen Russel revelou que esta tecnologia permitiu a produção de um não-tecido de viscose, leve e fino, no qual foram microencapsuladas contas de gel de sílica nanoporosas no interior de canais pré-formados dentro da estrutura não-tecida.

Os géis de sílica nanoporosos são compostos por 95% de ar e de poros interconectados de alta densidade de sílica com diâmetros de cerca de 20 nanometros. A sua condutividade térmica (0,018 W/mK) é inferior à do ar (0,025 W/mK) de modo que o não-tecido Hydrospace ofereça uma resistência térmica muito elevada na relação da finura com o gel de sílica nanoporoso microencapsulado.

Kevin Whitehead, oficial técnico sénior da GMCFS (Greater Manchester County Fire Services), debateu o desenvolvimento de uma nova camada de base para controlo da humidade como alternativa às t-shirts de algodão que, durante o combate ao incêndio, desenvolvem buracos resultantes das brasas em combustão.

Uma parceria celebrada entre a GMCFS, os designers e fabricantes de fios, tecidos e vestuário e as instituições académicas resolveu o problema, desenvolvendo uma nova camada de base composta por Sportwool. A parceria avaliou importantes parâmetros através da Universidade de Leeds e do Bolton Institute. Anthony Ellis e Dave Brook da Universidade de Leeds analisaram a solidez à cor, a estabilidade dimensional, a transferência de humidade e a pilosidade, entre outros. Além do mais, utilizaram-se sensores de temperatura e humidade para medir o microclima no interior do fato de bombeiro.

O novo teste de resistência às brasas desenvolvido por Phil Davis do Bolton Institute envolve a utilização de lava obtida a partir de rocha aquecida durante 15 minutos a 800 ºC e, de seguida, arrefecidas durante 25 segundos. Esta, depois de colocada sobre o tecido, pode originar a formação ou não de buracos. A camada à base de uma mistura de poliéster/Sportwool da Woolmark passou intacta este teste.

Arlene Kid, directora de marketing da Scottish Ardmel, debateu a ligação do vestuário por soldagem e o uso de colas. Esta empresa, pioneira no fecho de costuras por ar quente, desenvolveu agora uma máquina – Ultraseamer – cujo princípio se baseia na ligação por ultra-sons. O Ultraseamer da Ardmel é considerado como originando vestuário mais leve, macio e confortável, assim como produzindo uma melhoria significativa no desempenho da roupa em condições molhadas.

Este evento serviu ainda de palco para o lançamento do Solupor, uma gama de películas de polietileno microporoso de elevado peso molecular (UHMW-PE) fabricado pela empresa holandesa DSM Solutech. O Solupor é uma película microporosa de elevada resistência, produzida numa gama de pesos entre 3 e25 gramase com uma aparência opaca/branca. Este produto é hidrofóbico e impermeável mas altamente respirável, podendo ser laminado em tecidos e não-tecidos.