![Hindu_2outubro2020_PauloCunha,Presidente da Câmara Municipal de Famalicão, e Luís Cristino, CEO da Hindu [©CMVNF-AntónioFreitas]](https://portugaltextil.com/wp-content/uploads/2020/10/Hindu_2outubro2020_PauloCunhaPresidente-da-Câmara-Municipal-de-Famalicão-e-Luís-Cristino-CEO-da-Hindu-©CMVNF-AntónioFreitas.jpg)
A falta de encomendas por parte da indústria automóvel – a principal área de atuação da Hindu – durante o confinamento levou a empresa especialista em tinturaria e acabamentos para produtos técnicos a procurar novas soluções. «Vimo-nos na necessidade de fazer alguma coisa que fosse não só naquilo que o mercado ia em termos de moda, ou seja, as máscaras, batas, coveralls, essas coisas todas, mas de certa forma que permitisse dar uma roupagem diferente àquilo que já fazíamos em termos de acabamentos funcionais», explica Luís Cristino, CEO da empresa, ao Portugal Têxtil.
O Protect by Hindu inclui, assim, acabamentos em quatro áreas – proteção, conforto, saúde e ecologia/sustentabilidade –, sendo que o acabamento antivírico desenvolvido com uma spinoff suíça é, atualmente, o grande destaque. Este acabamento pode ser aplicado em tecidos, malhas e não-tecidos, tem eficácia comprovada após várias lavagens e está certificado de acordo com as normas ISO 20743, ISO 18184 e AATCC100 depois de testes realizados pela Microbe Investigations AG e pelo Bureau Veritas. Foram ainda realizados testes dermatológicos que demonstraram que o acabamento não é irritante para a pele, segundo a Hindu.
«Desde a primeira hora acreditámos naquilo que a empresa suíça nos dizia, apesar de ainda não haver evidências. Fomos desenvolvendo e fomos dos primeiros em Portugal a submeter alguns testes, nomeadamente de análise bacteriológica», conta Luís Cristino. «É óbvio que, para apresentar aos nossos clientes, tínhamos que mostrar evidências», ressalva.
Desde meados de junho que a empresa tem estado a divulgar este acabamento e, revela o CEO da Hindu, «tem tido alguma procura», sobretudo numa altura em que o mercado «está a começar a olhar para as coisas de forma diferente», não apenas com os equipamentos de proteção individual (EPI) em mente, mas também de uma forma mais geral de aplicação à moda, onde pode ser uma mais-valia. «Com uma peça de roupa com estas características [antivíricas], as lojas não terão problema nenhum e poderão evitar a quarentena para desinfeção que existe atualmente. Isto vai retirar o estigma e ajudar o comércio», acredita Luís Cristino. E no futuro, aponta, «as peças com este tipo de tratamentos antibacterianos e antivíricos vão ser os nossos melhores amigos, porque nos vão conferir uma proteção superior».
Reconhecimento interno
Embora o acabamento antivírico seja o «cabeça de cartaz», o projeto Protect by Hindu deverá ter novidades em breve. «Teremos outros que iremos apresentar mais à frente, nomeadamente na área do conforto, porque as pessoas, entrando em confinamento, vão também precisar de algum conforto, que as “acalme”», levanta a ponta do véu o CEO.
O projeto já valeu, à Hindu, o reconhecimento por parte da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, que lhe atribuiu a 28 de setembro um dos selos Famalicão Visão’25 na categoria “Famalicão Made In”, que enaltece «iniciativas, ações ou projetos, produtos ou serviços que contribuam para que, até 2025, o concelho seja externamente reconhecido como uma sociedade coesa e solidária, com uma elevada performance da sua economia de produção ao nível das exportações e com elevada incorporação tecnológica, integrado em redes globais coletivas, em convivência com uma paisagem urbano-rural hipocarbónica, ambientalmente qualificada e única».
Foi ainda apresentado na mais recente edição do Fórum de Tecidos Inovadores do iTechStyle no Modtissimo. «Não correu mal, porque surgiram depois algumas consultas», indica Luís Cristino. Até agora sem qualquer presença em feiras profissionais, esta poderá «ter sido a primeira experiência de muitas», admite.
Clientes novos dão alento
Com nove anos de atividade, mas com «um know-how bastante grande na área de acabamentos e tinturaria», a área automóvel ocupa habitualmente 60% da produção da Hindu, seguida da área da moda, incluindo desporto e alta performance, onde trabalha maioritariamente com artigos sintéticos, e de artigos técnicos para utilização na indústria, nomeadamente discos abrasivos para lixas, filtros e telas de proteção para a indústria mineira e de transportes. «Neste momento, o automóvel está parado», confessa o CEO, que refere que nos meses de abril e maio as quebras na produção rondaram os 50%.
No entanto, «tivemos a sorte de não parar e de não ter entrado em lay-off nos períodos críticos e conseguimos cativar alguns novos clientes, nomeadamente com a questão dos acabamentos bacterianos e repelentes», explica Luís Cristino.
Algo que permite alimentar a expectativa de manter o volume de negócios próximo do realizado em 2019, na ordem dos 2 milhões de euros. «Houve um decréscimo, mas temos que lutar e acreditar. Não vamos dizer que [2020] vai ser melhor, porque não vai. Mas queríamos fechar o ano similar ao ano passado», assume. «Há aqui uma ligeira recuperação que nos permite pensar que poderá haver uma estabilização. Quero acreditar que sim, mas vamos ver», conclui o CEO da Hindu.