Produção de algodão em queda

A previsível redução na produção mundial de algodão na época 2020/2021 deverá aliviar a pressão descendente sobre os preços da matéria-prima. O consumo deverá manter-se mas a atividade comercial vai prosperar e exceder os níveis registados antes da pandemia.

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De acordo com a mais recente atualização do International Cotton Advisory Committe (ICAC), a produção mundial deverá cair em 2020/2021, com os stocks finais para o período a deverem diminuir para 21,7 milhões de toneladas, numa revisão em baixa face aos números apresentados em novembro.

«Parece que os preços do algodão estão sob pressão há uma eternidade – certamente desde que a pandemia começou – mas uma redução projetada na produção mundial, de 24,9 milhões para 24,7 milhões de toneladas, pode aliviar ligeiramente essa pressão devido a stocks mais baixos no final da época 2020/2021», explica o ICAC na publicação Cotton This Month relativa ao mês de dezembro.

Embora a retoma do consumo esteja a ser lenta e deva permanecer estabilizada em 24,3 milhões de toneladas na próxima época, o comércio mundial deverá melhorar e exceder mesmo os níveis pré-Covid, atingindo cerca de 9,4 milhões de toneladas.

Os EUA e a China ainda estão envolvidos numa guerra comercial, embora o acordo para a Fase 1 tenha, de alguma forma, mitigado as tensões, aponta o ICAC.

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Sob os termos do atual acordo, a China deverá comprar níveis recorde de produtos agrícolas aos EUA. Entre abril e setembro, o Império do Meio importou mais 65% de algodão dos EUA comparativamente a igual período do ano anterior – 515 mil toneladas face a 222 mil toneladas entre abril e setembro de 2019 e 259 mil toneladas no período homólogo de 2018. Com a primeira fase do acordo a ter entrado em vigor a 20 de fevereiro, o aumento das importações iria ser visto previsivelmente a partir de abril, dando tempo para reagir e para os envios serem recebidos nas alfândegas chinesas.

O gráfico apresentado pelo ICAC revela ainda que as importações chinesas de algodão a partir de outros mercados desceram, como é o caso do Brasil (85 mil toneladas em comparação com 111 mil toneladas entre abril e setembro de 2019), da Índia (60 mil toneladas face a 86 mil toneladas) e Austrália (51 mil toneladas em comparação com 190 mil toneladas).

A atual projeção de preços médios para o A Index é de 0,694 dólares por libra (cerca de 1,27 euros por quilo) em dezembro.