Produção de algodão diminui, preços sobem

A mais recente revisão do Departamento de Agricultura dos EUA aponta para uma redução da colheita de algodão 2023/2024 e um aumento dos stocks finais. A conjuntura está a refletir-se nos preços, que subiram em julho.

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Os mais recentes dados do Departamento de Agricultura dos EUA antecipam uma redução na produção mundial de algodão em 2023/2024, com uma diminuição de 2,7 milhões de fardos, para 114,1 milhões de fardos, e um aumento ligeiro na utilização das unidades de processamento (mais 487 mil fardos, para 116,9 milhões de fardos) para a nova colheita. Estas atualizações resultaram numa redução de 2,9 milhões de fardos na projeção para os stocks finais da época 2023/2024, indica a Cotton Incorporated.

O atual número para a oferta em armazém no final de 2023/204 é 91,6 milhões de fardos. Este valor é 2,5 milhões de fardos mais baixo do que o volume estimado estar armazenado no final de 2022/2023, mas representa ainda uma das únicas seis vezes que os stocks mundiais estiveram acima dos 90 milhões de fardos, destaca.

Por país, a maior revisão dos números foi para os EUA (-2,5 milhões de fardos, para 14 milhões de fardos). «Este valor é mais baixo do que a colheita americana em 2022/2023 (14,5 milhões de fardos), que foi afetada por uma seca severa e abandono», aponta a Cotton Incorporated. O outro país cuja revisão é superior a 100 mil fardos é o Uzbequistão (-200 mil fardos, para 2,9 milhões de fardos).

Para utilização de unidades de processamento, as principais revisões foram feitas nas previsões para a China (+500 mil fardos, para 37,5 milhões de fardos), Turquia (+100 mil fardos, para 8 milhões de fardos), Indonésia (-100 mil fardos, para 2,2 milhões de fardos) e Uzbequistão (-100 mil fardos, para 3,2 milhões de fardos).

Em termos de comércio mundial, as previsões apontam para um aumento de 395 mil fardos, para 43,9 milhões de fardos de algodão. Ao nível da exportação, a maior revisão diz respeito aos EUA, com menos 1,3 milhões de fardos, para 12,5 milhões de fardos, devido à previsão de uma colheita mais pequena. Em termos mundiais, esta redução deverá ser compensada pela revisão em alta dos números do Brasil (+1,5 milhões de fardos, para 11,3 milhões de fardos) e da Austrália (+100 mil fardos, para 5,9 milhões de fardos).

«Todos os meses de agosto há uma mudança na agência dentro do Departamento de Agricultura dos EUA que é responsável pela previsão de produção nos EUA. A mudança na metodologia pode resultar em mudanças significativas nas projeções de colheitas», destaca a Cotton Incorporated. «Na colheita do ano passado, o Departamento de Agricultura dos EUA baixou em 19% a previsão de produção em agosto (-2,9 milhões de fardos, de 15,5 milhões para 12,6 milhões de fardos). À medida que o tempo avançou, a redução inicial mostrou ser demasiado severa. Nos nove meses seguintes, o Departamento de Agricultura aumentou as suas expectativas de produção, com o número final da produção em 2022/2023 a ser de 14,5 milhões de fardos», acrescenta.

Preços sobem

Nos contratos para dezembro na NY/ICE (Intercontinental Exchange Inc), os preços do algodão subiram para 0,90 dólares por libra (cerca de 1,87 euros por quilo). O A Index também subiu em meados de julho, de 0,91 dólares para 0,97 dólares.

«Para além das preocupações com a produção, outro fator que pode ter contribuído para os recentes aumentos de preço pode ser uma melhoria nas previsões macroeconómicas», avança a Cotton Incorporated, que aponta o crescimento do PIB nos EUA, melhorias no mercado laboral, redução na inflação face ao ano passado e subida salarial superior ao aumento dos preços no mercado americano.

«No entanto, as taxas de juro nos EUA e em muitas economias ocidentais deverão continuar a subir. Os efeitos de taxas mais altas são desfasados e prevê-se que restrinjam a atividade económica nos mercados de consumo», acrescenta. «Com as expectativas de que o crescimento económico dos maiores mercados mundiais de consumo têxtil vai continuar sob pressão, a dúvida continua sobre se um empurrão por parte do consumo poderá atrair encomendas para as cadeias de aprovisionamento», conclui a Cotton Incorporated.