Produção de algodão acima das expectativas

As últimas estimativas avançadas pelo US Department of Agriculture (USDA) apontam para um decréscimo do preço do algodão, consequência do facto da produção crescer a um ritmo superior ao consumo, e que levará necessariamente à criação de stocks, que se estima que atinjam 570.000 fardos, e à diminuição de preços no curto prazo. Os futuros do algodão não deixaram de reflectir esta tendência e, apesar de terem crescido 8% nos primeiros nove dias de 2002, começaram a decrescer na última quinta feira. A produção mundial irá suplantar as previsões iniciais, refere um relatório publicado por este organismo, enfatizando também que o consumo será ligeiramente superior ao esperado. As previsões mais recentes do USDA, indiciam que a produção nos EUA será superior em 675.000 fardos, sendo acompanhado por um crescimento de 900.000 fardos na China, face às estimativas iniciais. O aumento registado neste último mercado implica que o volume de produção se fixará em 24,4 milhões de fardos, em vez dos 23,5 milhões inicialmente previstos. A produção no Egipto será também superior face às expectativas iniciais. O Paquistão funcionará como contraponto, uma vez que a produção totalizará 7,6 milhões, cerca de 400.000 fardos abaixo do estipulado. O consumo mundial vai-se fixar em 91,7 milhões fardos, superior em 130.000 comparativamente às últimas previsões. A crise no sector têxtil americano induziu a um reajustamento em baixa dos valores apontados para o consumo de algodão nos EUA, que foi extensível à Índia e México. Face ao cenário de queda dos preços desta matéria prima, certos especialistas defenderam na Beltwide Cotton Conferences, em Atlanta que a produção tenderá a diminuir em 2002-2003, nomeadamente no Hemisfério Sul, em que a redução pode atingir 2 milhões de fardos, uma vez que a produção nos países desta região do globo é bastante sensível às oscilações dos preços devido à ausência de subsídios governamentais.