O crescimento de vestuário de private label barato está a acabar, numa altura em que o sector se torna cada vez menos competitivo. O relatório do UBS Global Research, intitulado Chegamos ao fim do vestuário de private label barato? analisa o futuro de um segmento de vestuário que na última década evoluiu e conquistou um papel cada vez maior nos mercados mundiais de retalho. A análise e pesquisa tem uma abrangência mundial incluindo conclusões da situação na Europa e no Japão, por exemplo mas foca-se sobretudo no mercado de retalho dos EUA. «Embora continuemos a acreditar que o vestuário em private label com preços mais altos vá continuar a atrair certos segmentos de consumo, a nossa pesquisa levou-nos a concluir que a vantagem competitiva das marcas de private label baratas está a diminuir rapidamente», sustenta o UBS no relatório. «Acreditamos que o tempo da nossa análise é crítico, já que há sinais de que alguns retalhistas perceberam que a mudança na atitude dos consumidores para com as private labels baratas possa já ter ocorrido e estão a tomar medidas para manterem a sua competitividade», acrescenta. Em particular, o relatório foca a Kohls, a retalhista americana de grandes armazéns para a qual o UBS melhorou recentemente a classificação para comprar, em parte graças à mudança anunciada pela empresa para se voltar a focar em marcas nacionais embora a quota do private label no seu volume de negócios tenha aumentado para 52% em 2012, em comparação com 42% quatro anos antes. «Tem havido uma mudança permanente nas expetativas dos consumidores da Kohls», sustenta o UBS. «Eles já não esperam encontrar marcas nacionais fortes (por exemplo, a Nike e a Levis) nas lojas Kohls. O compromisso da Kohls para se recentrar em marcas nacionais (mesmo com a tentação das margens mais altas nas vendas em private label) é crítico para a nossa classificação Comprar», destaca. O UBS faz a comparação da Kohls com a JC Penney, à qual atribuiu a classificação Vender, em parte devido às preocupações com a capacidade da empresa de reverter a tendência de tráfego «extremamente negativa» de 2012 e 2013 e a continuação da estratégia do grupo de «sobre-exposição» ao private label. O relatório identifica quatro grandes fatores que o UBS acredita estarem a levar ao declínio de vestuário barato de private label, incluindo os números crescentes de consumidores que gastam «dinheiro de forma inteligente» por exemplo, profissionais que ficam igualmente satisfeitos a comprar na Hermès ou na Zara. A crescente disponibilidade de moda barata através da Zara, H&M, Uniqlo, TJ Maxx e Ross é também apontada como um fator que diminui a vantagem de baixo preço das marcas de private label baratas. A subida dos custos com o aprovisionamento e a incapacidade de aumentar os preços no retalho são também mencionados, levando ao declínio da rentabilidade para toda a cadeia de valor e limitando a capacidade dos importadores de absorverem o impacto. Por último, há a emergência de uma nova geração de fornecedores. Com os retalhistas a voltarem-se cada vez mais para a fast fashion para competirem, o UBS acredita que têm mais probabilidade de trabalhar com fornecedores integrados com capacidade de desenvolvimento no local, em vez de trabalharem com agentes. A consequência disso, conjetura o relatório, será que o vestuário barato de private label irá tornar-se gradualmente menos popular e os grandes armazéns com um elevado mix de vestuário de private label barato terão mais dificuldade em impulsionar o tráfego ou voltar às marcas nacionais como resultado do declínio do negócio em private label. O UBS afirma ainda que a contribuição de vestuário barato em private label para o volume de negócios da gigante do sourcing Li & Fung pode diminuir de 35% em 2013 para apenas 10% em cinco anos. Na Europa, a tendência é vista como tendo menos impacto, porque os grandes armazéns têm, normalmente, uma menor quota de mercado, com os retalhistas de gama média que têm marcas próprias a assumirem um papel mais significativo por exemplo, a Marks & Spencer, Arcadia, Next e Debenhams são os quatro maiores retalhistas de vestuário do Reino Unido. Além disso, acrescenta o relatório, as private labels dos grandes armazéns, como a Designers at Debenhams ou Howick at House of Fraser, tendem a situar-se nas franjas superiores do mercado. «Isto pode ser resultado do facto da Primark ter já ocupado o espaço das marcas de private label baratas através da sua bem sucedida expansão no Reino Unido e noutros mercados europeus nos últimos 10 anos», conclui o UBS.