Primark publica 1.º relatório para moda mais verde

A retalhista irlandesa lançou o primeiro documento sobre os esforços desenvolvidos para criar moda mais verde, onde destaca a utilização de matérias-primas sustentáveis, o trabalho realizado com fornecedores, incluindo em Portugal, para mitigar o seu impacto ambiental, e os esforços de inclusão dentro da própria Primark.

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O relatório mostra a evolução da retalhista desde que lançou a estratégia de sustentabilidade Primark Cares, em setembro do ano passado. «Este relatório fornece uma atualização abrangente sobre os compromissos que assumimos em 2021 em relação à nossa ambição de tornar a moda mais sustentável e acessível a todos. Abrange também, de forma mais ampla, o trabalho desenvolvido pela Primark a nível ético e ambiental», explica Nelson Ribeiro, head of sales Primark Portugal, ao Portugal Têxtil.

No documento pode ler-se que 45% das peças de vestuário vendidas pela Primark contêm agora materiais reciclados ou de origem sustentável, em comparação com 25% em setembro de 2021. Além disso, 40% de todas as peças de roupa de algodão vendidas continham algodão reciclado, orgânico ou proveniente do Programa de Algodão Sustentável da Primark, face a 27% no lançamento do projeto.

«Lançado em 2013, este programa alia as melhores práticas na gestão do cultivo do algodão às melhores condições para as pessoas que trabalham nas plantações, sendo já o maior programa de algodão sustentável da indústria da moda», revela Nelson Ribeiro. A retalhista destaca que formou 252.800 agricultores através do Programa de Algodão Sustentável da Primark e que, até ao final de 2023, deverá dar formação a mais 275.000 agricultores. Cerca de 3.000 agricultores deste programa participaram ainda num projeto-piloto para a adoção de uma agricultura regenerativa de algodão na Índia, Paquistão e Bangladesh.

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«Vamos concentrar-nos no aumento do volume de algodão reciclado nas linhas de alto volume nos próximos anos e no crescimento do nosso Programa de Algodão Sustentável, bem como na sua mudança para práticas regenerativas», salienta o head of sales Primark Portugal.

Fechar o ciclo

A Primark está ainda empenhada, refere, em melhorar as suas credenciais em todos os momentos da cadeia produtiva, até ao fim do ciclo de vida dos produtos.

«Para além de mudar a forma como as roupas são produzidas, a Primark está a trabalhar com todos os seus fornecedores, incluindo os que estão sediados em Portugal, para reduzir para metade as emissões de carbono da sua cadeia de valor, contribuindo para a transformação de toda a indústria», afirma Nelson Ribeiro.

Nesse sentido, e para atingir esse objetivo até 2030, a retalhista está a desenvolver um roteiro de energias renováveis com o parceiro RenEnergy e a recrutar entidades no Bangladesh, Índia e China para apoiar os fornecedores na redução das emissões de carbono.

Na produção, criou um programa piloto para uma nova estrutura que permita padrões de lavagem com maior durabilidade, desenvolvida com a organização não-governamental de ação climática WRAP, para já apenas para denim, assim como um novo Programa de Formação de Design Circular, destinado a 24 membros da equipa de produto e a seis fornecedores, vai ser alargado nos próximos 12 meses.

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Já no pós-consumo, a Primark promoveu 43 workshops sobre arranjos de roupa no Reino Unido e na República da Irlanda, para incentivar clientes e colegas a manterem e usarem o vestuário durante mais tempo, e alargou o programa de caixas de devolução de têxteis usados, que estão agora disponíveis em todas as lojas do Reino Unido, República da Irlanda, Alemanha e Áustria, o que representa 65% de todas as lojas a nível internacional. «Para já, não temos data para a implementação em Portugal», admite Nelson Ribeiro.

Foco nas pessoas

A retalhista indicou ainda estar a fazer esforços ao nível da responsabilidade social, onde se inclui a pesquisa, financiada e coordenada pelo Anker Research Institute, para fornecer estimativas novas e/ou atualizadas da Global Living Wage Coalition para quatro dos mercados de abastecimento da Primark – Bangladesh, Camboja, Turquia e Vietname – e a criação de quatro novas Redes de Colegas, que promovem espaços inclusivos e de apoio para os colegas discutirem, representarem e moldarem o pensamento da Primark sobre neurodiversidade e incapacidade, diversidade cultural, género e fases da vida e LGBTQIA+.

«Há um ano, fizemos uma nova promessa de mudar a forma como produzimos e fornecemos as nossas roupas, com o compromisso de pensar o nosso negócio de forma diferente. Para nos focarmos, definimos metas ambiciosas até 2030. Passámos o último ano a investir e a aumentar as nossas equipas de especialistas, a colaborar de novas formas dentro do nosso próprio negócio e, também, com fornecedores e parceiros para apoiar a nossa transformação. Às vezes é um desafio e sabemos que estamos apenas a começar, mas daqui a um ano, vamos estar mais empenhados do que nunca em tornar a moda mais sustentável acessível a todos», reconhece Lynne Walker, diretora da Primark Cares.

Em Portugal, em particular, as mudanças têm sido bem acolhidas. «Acreditamos que as mudanças trazidas pelos compromissos que assumimos, em 2021, estão a ser muito bem recebidas pelos nossos clientes em Portugal. As pessoas querem sentir que estão a fazer escolhas certas, mais sustentáveis e duradouras e que isso está ao seu alcance! Uma escolha mais sustentável não precisa de ser cara, principalmente numa altura em que o custo de vida está a subir devido à inflação. E à medida que a escala do desafio global que enfrentamos cresce, aumenta também a urgência de fazer alguma coisa em relação a isso. Não apenas porque é a coisa certa a fazer, mas também porque é o que vai tornar o nosso negócio sustentável a longo prazo», conclui Nelson Ribeiro.

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