Primark ganha com a inflação

A Associated British Foods, empresa-mãe da retalhista de moda, anunciou uma revisão em alta das previsões de vendas de 2023, numa altura em que a Primark parece estar a conseguir atrair os consumidores afetados pela subida generalizada dos preços.

[©Primark]

O que é um problema para uns – a subida do custo de vida, incluindo com a habitação e os transportes – pode ser uma oportunidade para outros, no caso a Primark. A Associated British Foods (AB Foods) revelou que a retalhista de moda está a atrair consumidores às suas lojas, com as vendas a terem aumentado 7% em termos comparativos nos três meses até 27 de maio, para cerca de dois mil milhões de libras (aproximadamente 2,3 mil milhões de euros). Um resultado que, além do aumento da procura, é também «suportado por preços de venda médios mais altos», refere a empresa.

Embora esta taxa de crescimento seja ligeiramente inferior à dos trimestres anteriores, Eoin Tonge, diretor financeiro da AB Foods, explicou numa entrevista telefónica à Bloomberg que isso se deve a comparações com números ainda afetados pelos confinamentos resultantes da pandemia. As vendas comparáveis subiram 10% no primeiro semestre e abrandaram para 7% no terceiro trimestre.

Durante a pandemia a Primark foi fortemente afetada porque as suas lojas tiveram de encerrar durante meses e a retalhista não tinha uma plataforma para vendas online para compensar. Desde então relançou o seu website, permitindo que os consumidores verifiquem a disponibilidade em loja dos artigos que querem comprar e está a expandir uma experiência de compra online e recolha em loja em Londres este verão, mas apenas centrada nos artigos para crianças.

Os números da Primark são ligeiramente melhores do que as expectativas dos analistas, aponta James Grzinic da Jefferies numa nota aos clientes, embora os investidores pudesses esperar mais tendo em conta a comunicação de resultados de outros retalhistas de moda.

Analistas do RBC, citados pelo Independent, referiram que «a Primark é muito sensível aos padrões meteorológicos, sobretudo nesta altura do ano, por isso pensamos que terá sentido um padrão mais fraco no Reino Unido no terceiro trimestre, mas uma forte recuperação nas últimas semanas». Os especialistas sublinharam ainda que a Primark «está bem posicionada numa altura em que os consumidores tentam gerir os seus orçamentos» e beneficiará da abertura continuada de novas lojas e plano de remodelação.

Os consumidores estão atualmente a debater-se com o aumento dos preços, que tem sido particularmente sentido nos produtos alimentares, nomeadamente no Reino Unido. Contudo, garante Eoin Tonge, «o consumidor tem sido resiliente e manteve-se bastante bem».