Primark fecha portas a milhões

Devido aos sucessivos encerramentos causados pela pandemia, a Primark perdeu vendas na ordem dos 1,58 mil milhões de libras (1,85 mil milhões de euros). Os dados foram revelados pelo Associated British Foods (ABF), proprietário da retalhista de moda, que prevê um forte comércio na reabertura das lojas.

[©Primark]

O grupo, que não tem negócio online e, por isso, não possui qualquer alternativa para fazer frente ao impacto da pandemia, estima que as vendas perdidas da Primark vão atingir os 1,1 milhões de libras nos primeiros seis meses do ano fiscal terminado a 27 de fevereiro e 480 milhões de libras no segundo trimestre, à medida que as restrições vão sendo aliviadas.

A Primark, com lojas na Grã-Bretanha e noutros mercados europeus, tem já 77 espaços abertos, o que corresponde a 22% da área comercial de retalho. Até ao final de abril, o objetivo é ter 310 lojas abertas ou cerca de 83% do espaço de retalho.

«Sabemos que as pessoas nos vão receber de volta quando reabrirmos», afirma John Bason, diretor financeiro do grupo, sublinhando que «há uma procura reprimida». Segundo as informações do diretor financeiro obtidas pela Reuters, as lojas Primark que voltaram a abrir portas na Áustria, na Polónia e na Eslovénia, estão com níveis de vendas equivalentes aos níveis pré-pandémicos do ano passado.

Deste modo, o grupo, estima que as vendas da retalhista de moda para o primeiro semestre sejam de cerca de 2,2 mil milhões de libras, um montante inferior ao registado de 3,7 mil milhões de libras. O lucro operacional ajustado estará ligeiramente acima do ponto de equilíbrio face a um lucro de 441 milhões de libras.

Perante o desempenho da Primark, as vendas e os ganhos do grupo para o primeiro semestre vão ser menores do que no ano anterior, avança o ABF, que tem também negócios de mercearia, que incluem o pão Kingsmill e o chá Twinings, bem como empresas de açúcar, agricultura e ingredientes. Mesmo assim, a receita conjunta referente a todos estes sectores vão superar as expectativas e o primeiro semestre do ano passado.

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Mesmo com todo o contexto pandémico, o grupo continuou a abrir novas lojas Primark, sendo que seis delas foram inauguradas no primeiro semestre do ano e nove estão previstas para abrir portas durante o segundo semestre.

Mesmo ainda com várias lojas fechadas, o ABF espera que a retalhista de moda negoceie «fortemente» aquando da reabertura de lojas no Reino Unido, admite John Bason, que reconhece que os espaços abertos há poucas semanas contam já com vendas comparáveis positivas.

Em 2020, o volume de negócios total do grupo verificou um declínio de 12%, para os 13,9 mil milhões de libras, no ano terminado em setembro. Especificamente e até 12 de setembro de 2020, a Primark registou uma queda anual de 62% nos lucros, o que a fez descer dos 969 milhões de para os 362 milhões de libras, ilustrando também as perdas da retalhista com as lojas fechadas na primeira vaga. Já nesta altura, a empresa tinha referido estar a preparar o crescimento futuro, com Michael McLintock, presidente do conselho de administração da ABF, a assumir que as perspetivas para o atual ano fiscal eram positivas.