Primark e H&M reagem a acusações

A retalhista irlandesa classifica as conclusões do relatório da Changing Markets Foundation, que acusa várias marcas de não reutilizarem o vestuário entregue pelos consumidores, como imprecisas e enganosas, enquanto a H&M revela ter já um novo parceiro.

[©Looper Textil Co]

Num comunicado enviado aos meios de comunicação social, a Primark afirma que «as alegações acerca da Primark são enganosas e imprecisas e que é incorreto afirmar, incluindo a Primark nestes retalhistas, que a maioria das roupas doadas a grandes cadeias, como H&M, C&A e Primark, acabam “destruídas”, “abandonadas” ou “em destino incerto em África”».

No relatório publicado pela Changing Markets Foundation, que seguiu, através de Apple AirTags, 21 peças de vestuário entregues em lojas para reutilização, uma camisola com capuz da Primark terá viajado do Reino Unido para a Polónia, acabando parada vários meses num lote vazio numa zona industrial nos arredores de Budapeste, na Hungria. A associação refere, na investigação, que «as imagens de satélite mostram que o lote em questão contém vários contentores de metal, sugerindo que o artigo foi deitado fora».

A Primark, contudo, contesta esta versão. «Não há nada que demonstre que o artigo de vestuário referido no esquema de retoma da Primark tenha sido deitado fora ou descartado. Aliás, o artigo (um hoodie) está atualmente no armazém de um revendedor de vestuário na Hungria e pronto para ser revendido. Através da parceria da Primark com a Yellow Octopus, apenas é autorizada a revenda de roupa num pequeno número de países aprovados na Europa e a Yellow Octopus tem uma política de não deposição em aterro. Por isso, é enganador sugerir que a roupa que integra o esquema de retoma da Primark acaba abandonada ou descartada em África», refere em comunicado.

«O nosso esquema de retoma é gerido pela Yellow Octopus, uma organização especialista em reciclagem de tecidos com uma política de não deposição em aterro e, juntos, tomamos várias medidas para garantir que as roupas doadas através do esquema de retoma sejam geridas de forma responsável. Acreditamos que o hoodie seguiu os procedimentos definidos e está agora num revendedor de roupas em Budapeste, na Hungria», sublinha Lynne Walker, diretora da Primark Cares.

No parceiro na H&M

Já um porta-voz da H&M assegurou à WWD que «levamos as conclusões apresentadas na investigação de forma muito séria e lamentamos que nós e o nosso anterior parceiro neste caso não tenhamos conseguido responder aos nossos próprios altos padrões. Concordamos com o relatório que é um grande problema na nossa indústria, e noutras, que os produtos descartados não tenham o tratamento adequado e que se tornem lixo em diferentes países».

[©Looper Textil Co]
Em relação às acusações diretamente feitas à H&M – que indicam que uma saia colocada num contentor de uma loja da H&M viajou 24.800 quilómetros de Londres para uma lixeira no Mali –, o porta-voz acrescentou que «na altura em que a investigação foi feita, o nosso parceiro de recolha de vestuário ainda era a I:Collect. Desde 1 de janeiro de 2023, a Remondis [que é parceira na joint-venture Looper Textile Co.] assumiu a responsabilidade como parceira para operar globalmente o programa de recolha de vestuário do Grupo H&M. Com a mudança, também asseguramos que todas as peças recolhidas no Reino Unido são agora selecionadas dentro da Europa».