A investigação, comissionada pela Primark e pela associação Hubbub, testou em laboratório vestuário de diferentes marcas e preços para tentar determinar a relação entre preço e durabilidade e concluiu que o que é cobrado no retalho por uma peça nova não pode ser usado como indicador para perceber se a mesma vai durar mais ou menos.
A Escola de Design da Universidade de Leeds testou 65 artigos de vestuário, com preços no retalho entre 5 e 150 libras (aproximadamente entre 6 e 175 euros), incluindo jeans, camisolas e t-shirts de homem e senhora de várias marcas.
As peças foram submetidas a lavagens frequentes e avaliações visuais, assim como a testes técnicos específicos. Por exemplo, os jeans passaram por seis testes diferentes, incluindo de abrasão, resistência das costuras e ao encolhimento, enquanto as t-shirts e camisolas foram submetidas a testes de solidez de cor, espiralidade e resistência a pilling e rasgo, entre outros.
Os resultados mostram que uma t-shirt de homem com um preço inferior a 5 libras foi a segunda com mais durabilidade entre as 17 testadas e que poucas diferenças existem entre os jeans de senhora que custam 15 libras e os que custam 150 libras.
«Medir objetivamente quanto tempo uma peça vai durar é complexo e difícil, porque a durabilidade é afetada pelo tipo de matérias-primas e têxteis, a forma como o vestuário é confecionado e como lavamos e cuidamos da nossa roupa. Contudo, esta investigação independente mostrou que podemos medir a durabilidade para identificar as peças mais e menos duradouras. E os resultados mostram que o preço do retalho não pode ser usado para prever que roupa vai durar mais. Os resultados também revelam que o valor pelo dinheiro varia muito», explica Mark Sumner, professor de moda e sustentabilidade na Escola de Design da Universidade de Leeds.

Aprender a prolongar a vida do vestuário
«A durabilidade tem de estar no centro do debate sobre a sustentabilidade. As roupas duradouras reduzem a necessidade de compras de substituição, aumentam a probabilidade de uma segunda vida mais longa e oferecem um maior valor por dinheiro – uma preocupação significativa no contexto atual de crise de custo de vida», considera Aoife Allen, diretora da Hubbub e responsável da área da moda. «O debate entre os retalhistas sobre a importância da sustentabilidade é limitado e há poucas evidências disponíveis. A indústria da moda deve desenhar vestuário para durar mais e nós podemos ajudar as pessoas a estarem conscientes dos passos simples que podem dar para que as suas roupas durem mais», acredita.
«Acreditamos que as pessoas devem confiar que as roupas que compram podem ser amadas e usadas durante muito tempo, independentemente do preço. Sabemos que pode haver a perceção de que vestuário mais acessível não dura tanto tempo, mas esta investigação desafia essa ideia», sublinha Lynne Walker, diretora da Primark Cares.
A próxima fase de projeto irá focar-se em ajudar o consumidor a prolongar a vida da sua roupa, identificando as atitudes das pessoas no cuidado do vestuário e os passos que podem ser dados para prolongar a durabilidade. Os resultados deverão contribuir para que a indústria possa informar os consumidores sobre o tratamento a dar às peças de vestuário.
Em complemento a esta investigação, a Hubbub solicitou à empresa de estudos de mercado Censuswide um inquérito a 3.000 adultos britânicos sobre as atitudes no cuidado do vestuário e como é que isso varia de acordo com o preço despendido no vestuário. Os resultados mostram que 67% dos inquiridos esperam que a roupa mais cara dure mais tempo. Além disso, os cuidados variam com o valor gasto: quando pagaram mais, 64% dos inquiridos penduram a roupa depois de a usar, 62% gastam tempo a remover nódoas e 54% estão dispostos a fazer reparações nas peças mais caras.