Portugueses desenvolvem compósitos para Airbus

O ISQ, juntamente com a Optimal Structural Solutions, o INEGI e a Stratosphere, vai desenvolver materiais compósitos para o sector aeronáutico. O projeto Gavião, como foi batizado, tem duração de 30 meses e irá concentrar-se na secção cilíndrica da fuselagem de uma aeronave de transporte regional.

[©ISQ]

O projeto insere-se no âmbito das atividades de Investigação e Desenvolvimento de Tecnologias para Produção de Componentes de Aeronaves de Larga Escala, desenvolvidas pelo ISQ, que irá «contribuir com as suas valências e know-how para o estudo de novos materiais compósitos e seus processos de fabrico, com benefícios de consumo e de emissões de CO2 para o sector aeronáutico», explica em comunicado.

O desafio surgiu «na sequência do sucesso do trabalho desenvolvido durante quatro anos num outro projeto que foi desenvolvido denominado Passaro, o qual contribuiu para o desenvolvimento de aeroestruturas multifuncionais e inteligentes e para a automatização dos processos produtivos e tecnologias associadas à manutenção aeronáutica numa abordagem i4.0», refere o ISQ, que contabiliza já mais de 500 projetos internacionais de I&D, envolvendo mais de 1.200 entidades de todo o mundo.

«É para nós motivo de orgulho estar de novo ao lado da Airbus Defence and Space, com quem estabelecemos um programa de investigação, desenvolvimento e inovação a cinco anos que visa desenvolver novos processos de fabrico de materiais compósitos e metálicos como resposta aos desafios do sector aeronáutico e em que o projeto Gavião é a primeira fase desse ambicioso programa», destaca Pedro Matias, presidente do Grupo ISQ.

O projeto será desenvolvido em parceria com a Optimal Structural Solutions, o INEGI e a Stratosphere, sendo que ao ISQ caberá realizar a análise de sustentabilidade ambiental dos materiais compósitos e dos respetivos processos de fabrico, o que poderá resultar na introdução de novos materiais e processos de produção mais eficientes no mercado, com benefícios em termos de competitividade para os produtores.

Compósitos mais competitivos

«Com a introdução destas novas estruturas, o transporte aéreo beneficiará em termos de redução de peso das aeronaves e, consequente, de poupanças em termos de consumo de combustível, avançando na direção do cumprimento das metas impostas pela UE relativas às emissões poluentes», aponta Pedro Matias.

Pedro Matias [©ISQ]
De acordo com o presidente do Grupo ISQ, «estima-se que uma secção de fuselagem, composta na sua grande maioria por materiais compósitos, seja 20% mais leve que na situação de mercado atual e possa representar uma redução de 30% dos gastos energéticos de fabrico».

Para validar os desenvolvimentos resultantes do projeto, o ISQ irá realizar ensaios ao nível dos materiais e das estruturas da fuselagem à escala real, num trabalho que envolve a caracterização mecânica e compatibilidade eletromagnética, isto é, a análise da blindagem da estrutura a radiação magnética exterior, os impactos de elevada velocidade, ensaios não destrutivos, testes virtuais e realização de ensaios estruturais e termodinâmicos, enumera o grupo, que está presente em 14 países.