Neste Dia Mundial do Ambiente, uma data instituída em 1972 para sensibilizar a população para as questões ambientais, a Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente, revela que «Portugal reduziu, face a 2005, 35% das emissões de gases com efeito de estufa e que a UE27 reduziu 24%, que os sectores das indústrias da energia e dos transportes têm sido responsáveis, de forma aproximadamente equitativa, por cerca de metade das emissões de gases com efeito de estufa, que o país demonstra ainda um grande contributo da energia fóssil no seu cabaz energético, que em 2022 se registaram as temperaturas médias mais elevadas dos últimos 50 anos em Bragança, Castelo Branco, Lisboa e Beja, ou que, desde 1995, a produção de resíduos per capita tem vindo a aumentar, mas se em Portugal o aumento foi de 46%, na União Europeia o acréscimo ficou-se pelos 12%», resume em comunicado.
Emissões mais baixas
A redução das emissões de gases com efeito de estufa beneficiou da pandemia. «Portugal registou em 2021 uma diminuição de 12% e a UE de 3% face a 2019», refere a Pordata, que dá conta que, nesse ano, Portugal emitiu cerca de 57 mil toneladas de gases com efeito de estuda (em equivalente de dióxido de carbono), correspondente a 5,5 toneladas per capita, um valor abaixo da média da UE (7,8 toneladas per capita). «Desde 1990, Portugal tem estado no grupo dos nove países que se mantiveram sempre abaixo do global da União Europeia, no que respeita às emissões de gases com efeito de estufa per capita», refere.
Por sector, os transportes, com uma quota de 28%, foram os principais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estuda, seguido pelas indústrias da energia (15%). As indústrias transformadoras, onde se inclui a indústria têxtil e do vestuário, e construção foram, em conjunto, responsáveis por13% das emissões. O valor das emissões deste sector está abaixo das 0,8 toneladas de CO2 equivalente per capita e abaixo da média europeia.
Especificamente em relação à eletricidade, 64,9% da produção de energia elétrica em Portugal já provinha de fontes renováveis em 2021.
Consumo de materiais acima da média
Já o Consumo Interno de Materiais em Portugal, isto é, a quantidade de recursos naturais consumidos por uma economia, bem como a produtividade desses materiais em termos de PIB, é dos maiores da União Europeia (UE).
Em 2021, Portugal consumiu cerca de 174 milhões de toneladas de materiais, de acordo com os dados do Eurostat (o INE refere 163,9 milhões de toneladas), o que representa 16,9 toneladas por habitante, em comparação com a média europeia de 14,1 toneladas por habitante. Este valor é ainda 86% superior ao registado em Espanha, que é de 9,1 toneladas por habitante.
«Os minerais não metálicos, muito usados na construção, são os mais consumidos em Portugal, tendo representado cerca de 63% do total, em 2021. Em Portugal, o consumo interno de materiais aumentou 65% entre 1995 e 2008, ano em que atingiu o seu valor máximo com 242 milhões de toneladas. A trajetória posterior foi de forte redução durante o período da crise económica, tendo-se seguido uma quase estabilização em torno de 164 milhões de toneladas», indica a Pordata.
Há, contudo, uma evolução positiva no balanço entre crescimento económico e consumo de materiais, em que Portugal atingiu em 2013 uma melhoria de 23% na produtividade dos recursos (quociente entre o PIB e o Consumo Interno de Materiais), face a 1995. «Este foi o valor máximo da série e, de 2014 em diante, a produtividade, comparada com a de 1995, manteve-se sempre acima da de 1995 (14% em 2021)», aponta.
Reciclagem cresce
Os dados da Pordata mostram também que, em Portugal, cada pessoa produziu, em média, 1,4 kg de resíduos por dia em 2021, o que totalizou 5,3 milhões de toneladas de resíduos urbanos, um valor em linha com a média da UE, apesar do aumento em Portugal ter sido de 46% desde 1995, face aos 12% da média europeia.
diferentes: em 1995, 90% dos resíduos urbanos em Portugal ia para aterro, ao passo que na UE27 esse valor era de 65%».
Também na reciclagem o percurso é semelhante. «Na UE27, o principal destino dos resíduos urbanos que não vão para aterro é já a reciclagem (30% do total dos resíduos, 39% dos resíduos sujeitos a algum tipo de recuperação ou reciclagem), valor que em Portugal atinge apenas 13% do total e 25% entre o que é recuperado
ou reciclado. A evolução da reciclagem dos resíduos urbanos em Portugal tem sido idêntica à da UE27, apesar de Portugal ter tido um ponto de partida distinto – em 1995, Portugal reciclava 1%, enquanto a média da UE27 era de 12%. Em 2021, face a 1995, a percentagem de resíduos reciclados aumentou tanto em Portugal (+12 p.p.) como na UE27 (+18 p.p.)», conclui a Pordata.